“Não é cabelo de crente”, teria dito pastor ao recusar batizar adolescente

Da redação

Grupo de amigos negros e de cabelos crespos da adolescente realizaram um protesto pacífico no culto de domingo, 15. Foto: Reprodução

Um suposto caso de preconceito envolvendo um pastor da igreja evangélica Assembleia de Deus na Bahia ganhou repercussão na mídia e muitas críticas na internet. Segundo o relato, o líder evangélico impediu uma adolescente negra  de 16 anos de ser batizada por causa do cabelo crespo. O caso aconteceu no centro da cidade de Jacobina, no norte da Bahia, no dia 11 de dezembro.

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A jovem participava de uma palestra em um curso sobre as funções dos ministérios da igreja. Na ocasião, uma palestrante elogiou o cabelo da adolescente e foi repreendida pelo pastor.  “Ele pegou o microfone e disse que eu não seria batizada porque meu cabelo não servia para ficar na igreja”, conta.

Inconformados com a atitude do pastor, um grupo de amigos negros e de cabelos crespos da adolescente realizaram um protesto pacífico. Eles visitaram à igreja no culto do domingo (15). 

Segundo a estudante e amiga da vítima, Martha Miranda, de 24 anos, a igreja estava lotada no momento em que o pastor fez a declaração racista. “Tinham várias testemunhas e, no domingo, quando eu e outros amigos fomos visitar a igreja para fazer o protesto, todas as pessoas perceberam o motivo da nossa presença”, relembra.

Martha acrescenta que, após a repercussão do caso, o pastor chamou a adolescente para conversar.  “Ele a chamou para uma reunião e disse que ela poderia assinar o formulário de batismo. A situação foi humilhante e em nenhum momento ele pediu desculpas. O pastor ainda disse para ela mudar o cabelo pois, segundo ele, cabelo crespo não é cabelo de crente. Isso a deixou ainda mais chateada e ela deixou de frequentar a igreja”, relata.

Convenção se manifesta

A reportagem entrou em contato com a Convenção Estadual das Assembleias de Deus na Bahia (CEADEB) para saber o posicionamento da igreja diante do ocorrido. Em nota, a CEADEB disse que desconhece o caso, mas que repudia qualquer atitude discriminatória. A convenção também ressaltou que racismo é crime.

“Quanto aos questionamentos elencados por vocês, a primeira coisa é que a igreja Assembleia de Deus e podemos falar isso não só na Bahia, mas de forma geral, nunca a discriminação e não digo apenas racial mas falamos em todo tipo de discriminação seja por raça, seja questão social poder aquisitivo ou até mesmo questão sexual, será apoiada.

Outra questão é que os nossos pastores eles são ensinados pela bíblia e eles sabem que Jesus nunca fez acepção de pessoas ou apoiou a discriminação. Pelo contrário, em suas palavras ele diz o seguinte ‘Vinde a mim todos que estais cansados’, então o evangelho é para todos, independente de cor, de raça, poder aquisitivo ou até mesmo opção sexual. A igreja é a instituição de maior Inclusão social, pois a bíblia ensina isso.

Outro ponto é que Racismo é crime, então qualquer pessoa que se sentir descriminalizada ou até mesmo com um tipo de comportamento de exclusão social deve procurar as autoridades competentes.

Quanto ao episódio, não podemos falar a respeito pois não chegou ao nosso conhecimento tal fato. Mas, caso tenha ocorrido deixamos nossa nota de repúdio à qualquer atitude como esta, seja em nossas igrejas ou em outra denominação. Informamos ainda que possuímos uma secretaria que recebe qualquer denúncia desde que fundamentada pelo autor e assinadas por testemunhas.”

(Com Yahoo)