A emancipação de novas convenções envolvendo a CONFRADESPA e a CEADSETA-MT, promovida pela liderança da CIADSETA-PA, tem gerado questionamentos entre convencionais no Tocantins. Muitos se perguntam se esse movimento pode repercutir na CIADSETA-TO, presidida pelo pastor Paulo Martins Neto, filho do pastor Possidônio Martins.
No Pará, a família Martins lidera a CIADSETA há 22 anos, mas a longevidade da gestão tem sido alvo de críticas. Um pastor, que preside um dos campos no estado, questionou: “Qual é o legado dessa liderança para os campos e para os convencionais após 22 anos?”
Decisões na AGO em Redenção-PA
Durante a 40ª Assembleia Geral Ordinária, realizada no último dia 8 de dezembro de 2024, em Redenção (PA), o presidente da CIADSETA-PA/MT, pastor Possidônio Martins Reis, decidiu emancipar duas novas convenções: a CEADSETA-MT e a CONFRADESPA. A última será liderada pelo pastor Marinaldo Soares Sousa, de São Geraldo (PA), que era o segundo vice-presidente da CIADSETA-PA/MT e considerado nos bastidores como possível sucessor de Possidônio Martins.
Durante a plenária, em que se emancipava as novas convenções, o pastor Possidônio fez declarações contundentes contra eleições em convenções. Ele afirmou:
“Convenção que tem eleição só vai para baixo. Convenção que tem eleição não vai para lugar nenhum, é um fracasso, é uma miséria, é um povo dividido, uns para um lado e outros para outro.”
Enfraquecimento da CIADSETA-PA
Essas declarações, somadas ao movimento de emancipação, parecem ter aumentado o descontentamento entre os convencionais. Fontes ligadas ao JM Notícia apontam que aproximadamente 60 a 70 campos devem aderir à CONFRADESPA, cuja sede administrativa será em Marabá (PA). Alguns dos maiores campos que pertenciam à CIADSETA-PA já confirmaram a adesão, esvaziando significativamente a convenção original.
No último domingo (15), a igreja em Marabá, que possui 35 congregações, realizou uma Assembleia Geral para formalizar sua adesão à CONFRADESPA.
Possíveis reflexos no Tocantins
A insatisfação que culminou na divisão da CIADSETA-PA tem levantado dúvidas sobre o impacto desse movimento no Tocantins, onde o pastor Paulo Martins Neto lidera a CIADSETA-TO desde 2013. Martins Neto chegou à presidência ao articular um movimento de insatisfação contra o pastor Pedro Lima Santos, que esteve à frente da convenção por 18 anos e era visto como um líder autoritário, que governava com mão de ferro.
A eleição de Paulo Martins Neto, em 14 de dezembro de 2013, durante a AGO em Guaraí (TO), foi marcada pela promessa de um estilo de liderança mais conciliador. Contudo, após 11 anos no comando, algumas mudanças no estatuto da convenção têm gerado discussões.
Alterações no estatuto
Originalmente, o estatuto da CIADSETA-TO permitia que um presidente fosse reeleito para apenas dois mandatos consecutivos, totalizando oito anos no poder. No entanto, em 2019, aliados de Martins Neto conseguiram aprovar às pressas uma mudança que retirou essa limitação, possibilitando reeleições infinitas.
Uma outra alteração que realizaram no Estatuto e que dificulta a postulação de novos nomes à presidência da Convenção, é que o possível candidato precisar ser pastor e ter pelo menos 15 anos como presidente de Campo.
Sem concorrentes, pastor Paulo Martins Neto caminha a passos largos para a reeleição para um quarto mandato, o que deve totalizar 16 anos de liderança. Apesar de sua forte base de apoio, o cenário no Pará levanta questionamentos sobre até que ponto sua liderança pode ser afetada por insatisfações similares no Tocantins.
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