Da redação
O governador João Doria (PSDB) concedeu na última sexta-feira (28) a medalha da Ordem do Ipiranga, no grau Grã-Cruz, ao Ministro da Justiça Sérgio Moro. A distinção foi entregue durante evento no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado de São Paulo.
Em discurso durante a cerimônia, Doria justificou a homenagem citando a operação conjunta do Ministério da Justiça e do Governo de São Paulo para transferir 22 chefes de organizações criminosas de presídios estaduais para presídios federais, em fevereiro.
Doria também atribuiu a Moro a continuidade da Operação Lava-Jato e mencionou investigações da operação no estado de São Paulo.
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“Se não fosse por este homem liderando um grupo de patriotas nos não teríamos trancafiado em prisões aqueles que usurparam e roubaram os brasileiros, inclusive em São Paulo, haja vista que o triplex é em São Paulo, o sítio também é em São Paulo. O início de um esquema criminoso foi em São Paulo”, disse Doria.
“Portanto, a honraria se dá por aquilo que o ministro realizou pela segurança pública do estado de São Paulo, mas se da também pela dignidade que este homem, este patriota, tem com o nosso país, pela coragem de implementar como juiz a Operação Lava-Jato. O Brasil precisa de mais Moros e menos Lulas.”
Moro agradece
No evento, Moro agradeceu a parceria com o governo estadual na transferência de presos e também o apoio do Poder Executivo à Operação Lava-Jato. Ele criticou o vazamento de conversas que teria mantido com procuradores durante as investigações, publicado pelo site The Intercept, que ele classifica como revanchismo.
“Tenho sofrido vários ataques novamente. Achei a que Operação Lava-Jato tinha ficado pra trás, estamos numa nova fase, mas há um certo revanchismo que às vezes reaparece”, disse o ministro. Moro afirmou ainda os ataques são “baseados em falsidades e muitas vezes incompreensões sobre a natureza do trabalho.”
“Recentemente surgiram esses ataques decorrentes de invasões criminosas, que serão investigadas e a Polícia Federal deve chegar nos responsáveis. É uma divulgação de mensagens que não se tem demonstração de autenticidade e que são divulgadas com absoluto sensacionalismo”, disse o ministro.
“Apesar desses ataques, que de certa forma me entristecem, também tenho recebido muitas manifestações de apoio. Hoje, inclusive, é uma delas”, disse o ex-juiz.
Segundo o ministro, a Lava-Jato não faz parte do trabalho atual dele. “Faz parte do meu passado, mas eu sempre destaquei que foi um trabalho institucional. Claro que as pessoas importam, mas eu acredito que a Lava-Jato foi um ganho da sociedade brasileira, das instituições. Se formos pensar cinco anos atrás nós tínhamos como padrão a impunidade da corrupção.”
Criada em 1969, a Ordem do Ipiranga é a principal honraria do Governo de São Paulo. A medalha já foi concedida a diversos artistas e políticos cujos “serviços de excepcional relevância” chamaram a atenção do governo estadual. A honraria foi instituída por decreto em 1969, pelo governador Roberto Costa de Abreu Sodré.
Deputados tentam suspender condecoração
Uma proposta de decreto legislativo dos deputados do PT que tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) visa suspender a concessão da medalha ao ministro Sérgio Moro.
No texto, encaminhado nesta terça-feira (25), a bancada do PT argumenta que a nomeação de Moro não respeita o regulamento da honraria do governo paulista, já que o ex-juiz não teria prestado nenhum serviço de relevância ao estado de São Paulo, segundo o grupo.
“O homenageado não morou em São Paulo, não trabalhou, não escreveu, não advogou, não lecionou, não pagou tributos, enfim, nunca somou nada a riqueza material ou cultural do estado de São Paulo”, afirma o projeto de decreto legislativo do PT.
O projeto chegou a entrar na pauta da casa nesta quarta (26) e quinta (27), mas ainda não tem data para ser votado. A Alesp entra em recesso durante todo o mês de julho e as votações são retomadas apenas em 1º de agosto.