Dentre as principais atividades econômicas de Tocantins, destacam-se Serviços, Indústria e Agropecuária. Outro condutor para o desenvolvimento estadual são as práticas extrativistas, graças ao potencial da mineração no estado. Entre 2007 e 2015, o setor apresentou crescimento superior a 320% na região. Além disso, políticas voltadas para a atração de investimentos no setor e as consequentes gerações de empregos e renda também tendem a aumentar nos próximos anos.
Embora com grande capacidade de expansão, a atividade ainda necessita de mais organização no estado. Ainda em 2019 deverá ser implementado o mapa geológico do Tocantins, que indicará o levamento detalhado dos minerais setorizados em microrregiões. A principal finalidade do material é atrair novos investidores oriundos da iniciativa privada e, assim, melhorar a competitividade e criar oportunidades de negócios no setor.
Ainda há previsão de que, em breve, o Governo Federal vá liberar a licitação de duas áreas com potencial polimetálico, em Palmeirópolis, e outro com incidência de ouro, em Natividade. A mineradora multinacional Anglo American também estaria interessada em uma licitação de uma área para pesquisa mineral com possibilidade de reservas de cobre. A licitação faz parte do Programa de Parcerias para Investimento (PPI). O Serviço Geológico Brasileiro (SGB) disponibilizará o edital de concessão em audiência pública.
Minerais presentes em solo tocantinenses
Segundo um mapeamento apresentado no Diagnóstico das Potencialidades Minerais do Tocantins, o solo do estado é rico em muitos minerais como: ouro, calcário, gesso, granito, zirconita, epídoto, cascalho, argila, quartzo, grafita, cobre, volframita, siltito, areia, arenito, calcário, sílex, quartzito ferruginoso diamante, níquel, cristal de rocha e gnaisse. O projeto está sendo realizado pelos geólogos da Companhia de Mineração do Tocantins (Mineratins).
Mineração e extrativismo têm maiores médias salariais do Tocantins
Geração de empregos e renda são alguns dos benefícios da atividade de mineração no Tocantins. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, em relatório divulgado em 2018 (em relação a 2017), as áreas de mineração e extrativismo são as que apresentam as maiores médias salariais do estado, alcançando o valor de R$ 2.374,41.
O tamanho do mercado de mineração no Tocantins é um dos principais motivos que eleva a média salarial. Isso se deve porque o setor extrativista possui baixa participação no PIB e acaba empregando poucos funcionários e, por conta disso, dão preferência para profissionais mais especializados.
Segurança das barragens no Tocantins
O rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho (MG) trouxe à tona a situação de outras em todo país, principalmente, daquelas que armazenam rejeitos de minério.
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), Tocantins possui 680 barramentos cadastrados, sendo que, quatro deles estão com as estruturas comprometidas por erosões e infiltrações e apresentam situação de risco.
As quatro classificadas como Dano Potencial Alto ou Categoria de Risco ficam localizadas em Formoso do Araguaia (três) e Darcinópolis (uma). De acordo com o levantamento, estas construções apresentam problemas como estruturas comprometidas, surgimento de infiltrações e equipe e sistema de monitoramentos insuficientes.
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), responsável pela fiscalização do Projeto Rio Formoso, em Formoso do Araguaia, afirmou que aguarda licitação dos recursos por parte do Governo Federal para revitalização das estruturas das barragens. Enquanto a liberação do dinheiro não sai, a capacidade dos reservatórios foi reduzida.
De acordo com o levantamento da ANA, três barragens de rejeitos de minério tocantinenses são semelhantes ao armazenamento que rompeu em Brumadinho. Fiscalizadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM), elas estão localizadas em Arraias, Chapada da Natividade e Taipas do Tocantins.
A segurança das barragens do projeto Rio Formoso foi o tema de uma reunião que aconteceu em 11/03/19 na Procuradoria da República no Tocantins. Convocada pelo Procurador da República Álvaro Lotufo Manzano, a reunião contou a participação do promotor de Justiça Francisco José Pinheiro Brandes Júnior, titular da Promotoria de Justiça Regional Ambiental da Bacia do Alto e Médio Araguaia e técnicos da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins).
Além do Projeto Rio Formoso, o Naturatins é responsável pelo monitoramento de cerca de 670 barragens no Tocantins. Destas, mais de 500 não foram fiscalizadas recentemente. 143 foram vistoriadas e tiveram seus riscos classificados. Segundo o Instituto, as vistorias vêm acontecendo constantemente desde 2017.
Outro problema são os garimpos ilegais. No final de 2018, a Polícia Federal (PF) iniciou a operação Rota do Ouro para investigar se os garimpos ilegais em Natividade estão utilizando substâncias tóxicas na mineração de ouro. Conforme laudo do Departamento Nacional de Produção Mineral enviado à PF, foi identificada a possibilidade do uso de cianeto de sódio e mercúrio, produzindo gases tóxicos que podem causar até morte em seres humanos.
Além de Tocantins, São Paulo, Bahia, Pará e Distrito Federal também são alvos da operação e os investigados responderão por usurpação de bens da União, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Boas práticas
A fábrica da Votorantim Cimentos, localizada em Xambioá (TO) recebeu o Prêmio Mérito Ambiental do Tocantins 2018. O reconhecimento aconteceu após a unidade realizar o reaproveitamento de resíduos, que deixou de ser depositado em aterro sanitário para ser usado como parte do combustível fóssil na produção de clínquer.
O trabalho de mineração no Tocantins, como em qualquer outro lugar, deve ser feito de forma ambientalmente segura e sustentável, levando ao desenvolvimento econômico e social da região em que está inserida.