Da Redação JM Notícia
Em comunicado interno circulado desde o dia 03 de agosto deste ano, o Hospital e Maternidade Dona Regina autoriza em suas dependências o uso do medicamento misoprostol e estabelece os horários de sua inserção, que agora é de 4 em 4 horas, às 08, 12, 16, 20h, 00 e 04h. Pacientes que se recusam a receber a droga afirmam que estão sendo constrangidas a procurar outro hospital.
A redação do JM Notícia foi procurada pela sogra da paciente Elaine Lopes, que deu entrada no Hospital na última quarta-feira, 17, com 38 semanas de gestação e em trabalho de parto. A sogra Vanisclea Bandeira Mendes, explica que às 20h da quarta-feira a bolsa rompeu, e após 24 de trabalho de parto, a paciente havia sido pressionada por várias vezes a induzir o parto com a aplicação do misoprostol e caso se recusasse era para procurar outro hospital. “Somos obrigada a aceitar isso?”, questionou.
Ás 20h de quinta-feira, 18, a sogra relatou ao JM Notícia que em 24h a paciente só havia dilatado apenas dois centímetros. “Agora induziram o parto. Eles chamam de outro nome (misoprostrol), mas o médico me disse que é o mesmo “citotec”. Colocaram dois, foi quando ela começou a sentir fortes dores e agora ela está sangrando, mas até agora o bebê não nasceu e eles não fazem nada”.
Na manhã desta sexta-feira, 19, o site entrou em contato com a família que informou que o bebe só nasceu às 4h32 da manhã de hoje. “Foram 32 horas de trabalho de parto, chamam de parto humanizado, mas eu considero de desumano. O bebê, João Miguel, passa bem, mas a mãe não está nada bem, já teve dois desmaios e o pós-parto está sendo muito doloroso”, complementa Vanisclea.
Em seu relato, a sogra da paciente, disse que o médico lhe explicou que o protocolo do Governo é de fazerem cesariana só se houver risco para o bebe e para mãe, independente do sofrimento ou das horas de parto. “Os enfermeiros e técnicos de enfermagem nos atenderam muito bem, mas infelizmente tinham poucos funcionários. Só tinha uma técnica e um enfermeiro, para atender 10 mulheres em trabalho de parto”, acrescentou.
O Misoprostol
Esse tipo de droga provoca fortes contrações uterinas e por isso pode causar aborto. Em hospitais, ele é usado para expulsão de feto do aborto retido, combinado em procedimentos de curetagem e, em doses menores, para ajudar a grávida no nascimento.
Controle
O uso de medicamentos a base de misoprostol é controlado por meio de portaria do Ministério da Saúde nº 344/98. E é obrigatório que o hospital tenha credenciamento para comprá-lo e ministrá-lo. A grande preocupação do Ministério da Saúde é que ele possa ser desviado para utilização de aborto clandestino. Por isso, requer controle e a fiscalização, atos de responsabilidade do Estado que precisa inspecionar a utilização do misoprostol.
O medicamento conhecido no Brasil como citotec, tem como reagente o misoprostol, e é proibida a sua venda ao consumidor, por ser um medicamento de uso restrito hospitalar que estimula as contrações uterinas e induz o trabalho de parto. O medicamento causa intensas dores no baixo ventre, sangramentos vaginais de grande monta, rotura uterina, morte e malformações fetais; portanto, só pode ser usado sob supervisão médica.
Nota de Esclarecimento
A Secretaria de Estado da Saúde esclarece que a paciente Elaine Lopes deu entrada no Hospital e Maternidade Dona Regina com ruptura prematura de bolsa, sem o amadurecimento necessário do colo uterino e sem contrações. A paciente foi acolhida na maternidade e recebeu a medicação misoprostol, que é regulamentado por protocolo do Ministério da Saúde (MS) para uso em Hospitais Maternidade e vem ao encontro da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, ajudando no trabalho de parto para indução à maturação do colo uterino
A Secretaria esclarece ainda que de acordo com as políticas do Dona Regina, do MS e da Rede Cegonha, a paciente recebeu incentivo ao parto normal, que é comprovadamente mais seguro e saudável á mãe e ao bebê e deve ser a primeira escolha, principalmente em caso de primeiro parto como o da paciente.
A Saúde reforça que todo o protocolo teve em vista evitar o risco ao bebê e também sofrimento de muitas horas á mãe, bem como os riscos desnecessários de uma cesárea. Os sintomas foram dentro do esperado na evolução de um parto normal e mãe e bebê passam bem.
Palmas – TO, 19 de agosto de 2016.