Alguns exemplares de livros didáticos disponibilizados pelo Ministério da Educação (MEC) têm causado polêmica em Araguaína, norte do Tocantins. As obras incentivam o uso da camisinha, abordam a ideologia de gênero e fazem menção ao casamento gay.
Por causa do conteúdo, vereadores e comunidade se reuniram na Câmara Municipal de Araguaína, no início deste mês, para debater o assunto e tentar impedir a circulação dos livros na cidade.
Segundo a Secretaria de Educação de Araguaína, o uso dos livros ainda não foi aprovado. Mas a comunidade alega que os exemplares teriam chegado a algumas escolas da cidade. Eles são destinados aos alunos do ensino fundamental e médio.
Em um dos livros, destinados a alunos de 6 a 10 anos, consta um conteúdo incentivando o uso da camisinha. Em outro, para estudantes do 5º ano, o autor mostra um conceito amplo de família, com a união de casais homoafetivos e famílias formadas por apenas uma mãe ou um pai.
A comerciante Ana Magda é mãe de dois filhos, Vitor Hugo, de 12 anos, e Ana Beatriz, de 9 anos. Quando soube do conteúdo dos livros, a mãe ficou incomodada. Para ela, o assunto deve ser discutido dentro de casa.
“Eles são muito pequenos, não entendem ainda. São coisas que eles têm de aprender quando tiverem idade para saber decidir o que eles realmente querem.”
As professoras Leila Cardoso e Ana Rosa têm pensamentos diferentes a respeito do tema. Para Leila, o assunto não deve compor o material didático. “Eu acho a cartilha muito forte para o nosso público. Você pode debater esse assunto de uma forma interdisciplinar”.
Já Ana Rosa disse que o tema não deveria ser ignorado. “As famílias estão se constituindo e organizando de outras formas. Infelizmente a nossa educação não está avançando de acordo com a nossa sociedade.”
Polêmica
No ano passado, os vereadores de Araguaína votaram pela retirada da temática da ideologia de gêneros do Plano Municipal de Educação. O projeto deve nortear as escolas da cidade pelos próximos 10 anos.
O vereador Terciliano Gomes (SD) foi quem propôs a discussão do assunto na câmara e a retirada dos livros didáticos. Ele defende que o plano e as questões nele inseridas sejam mantidos.
“Nós apresentamos um requerimento para a secretaria [de educação] orientar todas as escolas. Queremos que as unidades se abstenham de apresentar material com esse conteúdo para nossas crianças”, defende.
Palmas
A discussão também chegou à Câmara de Vereadores de Palmas. Para o vereador João Campos (PSC), os exemplares não devem ser distribuídos nas escolas da capital.
“São livros inadequados para os alunos. É inadequado em relação às questões que são apresentadas, à sexualidade e às questões familiares. Eu acho que esse assunto deve ser tratado pela família”, afirma.
Gurupi
O vereador de Gurupi, Ivanilson Marinho também apresentou requerimento solicitando a proibição da circulação dos livros nas escolas do município, na última semana. O vereador encaminhou solicitação ao Prefeito Laurez Moreira, e a Secretaria de Educação.
Resposta
Em nota, o Ministério da Educação (MEC) disse que não impõe o uso dos livros e que quem escolhe é a escola. O órgão informou também que as famílias podem recorrer aos conselhos dos pais e às direções das escolas para manifestar contrariedade.
“O PNLD [Programa Nacional do Livro Didático] 2016 distribuiu 128.588.730 obras a 121.574 escolas públicas brasileiras. Os títulos são definidos em um processo de seleção público, feito por especialistas de universidades brasileiras, sem dirigismo político e ideológico por parte do MEC”, diz o documento. Com informações G1 TO, com adaptações