Diferentes lideranças religiosas defendem que a Justiça erra ao pedir o fechamento dos templos em meio à pandemia global do coronavírus. A igreja é um serviço essencial pelo apoio religioso que oferece num momento tão delicado, obedecendo, é claro, a algumas orientações, como evitar aglomerações e respeitar a distância de pelo menos um metro entre as pessoas.
Mas este não é o momento de proibir a atuação das entidades religiosas. É durante as crises que as pessoas mais precisam de aconselhamento e apoio psicológico e as igrejas fazem esse papel melhor do que o Estado. Esse é o diagnóstico de líderes religiosos de várias vertentes.
Diante da proibição de realizar missas e cultos em São Paulo e Rio de Janeiro, algumas igrejas apostam em transmissões online para não desamparar os fiéis, mas garantem que os templos vão permanecer abertos ao público que necessitar de atendimento espiritual.
A própria Itália, que está diante de situações mais crítica, limitou a entrada de fiéis, mas não mandou as igrejas fecharem as portas. São poucos os países que vetaram, completamente, a entrada de fiéis — Turquia, Bulgária, Cazaquistão. A maior parte restringe a quantidade de fiéis nas cerimônias — veja a lista abaixo.
A Igreja Universal do Reino de Deus adotou algumas medidas, como limitar o acesso das pessoas aos templos, oferecer álcool em gel ou sabão para lavar as mãos e evitar contatos físicos. Mas afirmou que, se necessário, vai ampliar o número de reuniões para atender a todos. Também recomendou que pessoas com mais de 60 anos fiquem em casa. Os cultos serão online e pela TV.
O pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, vai suspender os cultos. No entanto, garantiu que vai ampliar o horário de funcionamento das igrejas, de segunda a sexta-feira das 9h às 21h. Ele fará transmissões via internet de cultos sem público e reuniões de ensino. “Igreja é hospital de Deus para as áreas espiritual e emocional e atendimento aos aflitos”, justificou.
O arcebispo Metropolitano de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, acredita que é preciso deixar as igrejas abertas e seguir orientação do papa Francisco, que reabriu templos em Roma. “Foi o que a igreja sempre fez no passado, em momentos de crise e angústia”, ressaltou.
Algumas precauções são adotadas também pela Igreja Católica como confissões em local ventilado, adoção de uma distância conveniente e uso de máscaras protetoras “sem prejuízo da atenção prestada e à discrição necessária”.
A Unigrejas (União Nacional das Igrejas e Pastores Evangélicos) afirmou que as autoridades brasileiras precisam compreender “que a Igreja é aquele lugar onde muitas pessoas chegam desesperadas, em busca de uma ajuda urgente”.
Em nota, o presidente da Unigrejas, Bispo Eduardo Bravo, explica que “as igrejas reacendem a esperança na população, sentimento crucial neste momento para que as pessoas não se sintam desesperadas, em pânico”. Por isso, continua o Bispo, “é preciso manter os templos e espaços religiosos abertos, mesmo que reduzido número de cultos e limitando a frequência” (leia o comunicado ao final do texto).
Em comunicado, a Ibasp (Igreja Batista Alemã de São Paulo) decidiu suspender todas as atividades presenciais pelo menos até o dia 31, “independentemente do dia da semana ou do tamanho do grupo”. A Ibasp pretende fazer transmissões via Facebook aos domingos.
A Catedral Anglicana de São Paulo fará celebrações online pelo Facebook, Instagram e na TV aos domingos em três horários. A mensagem é de que se “evite ir até a igreja por motivo de saúde pública”.
Com as devidas precauções, é possível garantir o atendimento espiritual aos fiéis e, ao mesmo tempo, evitar a propagação do coronavírus.
Veja a situação das igrejas pelo mundo:
Suíça — Não permite fazer reuniões e parte das igrejas está com as portas fechadas.
Holanda — Até agora, é permitido fazer reuniões para até 100 pessoas, sempre e quando as pessoas possam ficar a distância mínima de 1,5m entre si.
Malta — As cerimônias estão proibidas, mas as igrejas seguem abertas. Os fiéis podem entrar para o seu momento de oração.
Cabo Verde — Cultos, missas e cerimônias religiosas estão suspensos, mas as igrejas continuam abertas.
Bélgica — Quarentena continua, a polícia controla as ruas para as pessoas não as pessoas saírem sem necessidade e os mercados já não aceitam dinheiro em pagamento, só cartão, uma vez que o dinheiro é transmissor do novo coronavírus.
As igrejas, porém, podem abrir, mas não podem fazer cerimônias. Os fiéis podem entrar, um de cada vez, para fazer suas orações.
Guadalupe — As reuniões estão vetadas, mas as igrejas e templos seguem abertas. Durante o dia, as pessoas podem entrar para fazer a sua oração.
França — As restrições seguem rígidas no país, mas as igrejas podem permanecer abertas, desde que sem cerimônias e aglomeração de pessoas. Os fiéis entram e saem num intervalo médio de 5 minutos. A polícia tem visitado algumas igrejas.
Suécia — Estão permitidos cultos, missas e cerimônias religiosas com até 500 pessoas, desde que respeitada a distância de 1 metro entre as pessoas.
Noruega — Todos os eventos religiosos foram cancelados.
Luxemburgo — Não é permitido fazer reuniões e as portas estão fechadas. A polícia pode aplicar multas se os templos abrirem.
Finlândia — Igrejas seguem abertas e a lei permite reunir até 10 pessoas.
Chipre — Igrejas estão abertas e podem receber até 75 pessoas nas reuniões.
Itália — As igrejas estão abertas até às 18h, mas o governo limitou a entrada de pessoas a 2 por vez (dependendo do tamanho da igreja, somente uma por vez). Os fiéis têm até 5min para ficar dentro do templo.
Turquia — governo mandou fechar todas as igrejas.
Guiné-Bissau — Não permite fazer reuniões, mas as portas da igrejas ficam abertas para os membros fazerem suas orações.
Portugal — Não é permitido culto, mas não mandaram fechar as Igrejas, salvo em alguns locais.
Alemanha — Eventos religiosos não estão autorizados, mas o governo não mandou fechar as igrejas.
Bulgária — Não é permitido nenhum tipo de aglomeração de pessoas e as igrejas estão fechadas.
Bielorrússia — Não tem nenhuma providência tomada até agora. Não tem nenhum evento cancelado. As igrejas continuam a funcionar, assim como escolase faculdades.
Cazaquistão — As igrejas não podem fazer cerimônias e receber pessoas. As reuniões com os fiéis estão sendo feitas pela internet.
Ucrânia — Em Kiev e nas cidades vizinhas, o governo proibiu juntar as pessoas e fazer reunião, mas as portas das igrejas podem ficar abertas. Nas outras cidades, as cerimônias religiosas estão limitadas a até 10 pessoas .
Lituânia — Não se poder fazer cultos, mas a igreja está aberta para as pessoas fazerem as suas orações individuais.
Armênia — As portas das igrejas estão abertas e o governo permitiu juntar grupos de até 20 pessoas.
Moldávia — Está proibido fazer reuniões, mas não tem um veto de as pessoas entrarem na igreja para fazer suas orações individualmente.
Rússia — As reuniões são limitadas a até 50 pessoas, mas as portas seguem abertas desde que os fiéis sigam as recomendações de higiene. Há uma sugestão das autoridades para cerimônias online.
Romênia — Em estado de alerta, o governo mandou fechar as portas de todas as igrejas, sendo vetadas reuniões. Porém, ainda é permitido fazer reuniões ao ar livre com no máximo 100 pessoas com distância de 1 metro.
Inglaterra — Mesmo com o alerta vermelho, as portas das igrejas estão abertas para dar assistência às pessoas. As reuniões estão proibidas.
Letônia — As igrejas não podem fazer cultos ou missas, mas estão abertas.
Estônia — As igrejas não podem fazer cultos, mas podem ficar abertas.
Hungria — Não houve proibição de cerimônias religiosas, desde que seja no máximo com 10 pessoas. As igrejas estão abertas.
Polônia — Todas as igrejas podem ficar abertas, só não podem fazer cerimônias com fiéis.
(Com R7)