Da redação JM
A Frente Parlamentar Evangélica está preocupada com o possível recuo do Governo em relação à transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Em entrevista ao JM Notícia, o deputado pastor Takayama, líder da Frente Evangélica na Câmara dos Deputados, afirmou que toda bancada evangélica e católica tem a convicção de que a mudança deve ser realizada, mas que motivado por “questões práticas” apontadas pela equipe de governo, Bolsonaro poderia não mais realizar a transferência.
‘Inviável”
No último dia 4, o ministro da Secretaria de Governo, general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, afirmou, em entrevista à BBC, que algumas consequências práticas provocadas pela transferência da embaixada podem inviabilizar a concretização da promessa feita pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Olha, eu não vou falar nem pelo Bolsonaro, nem pelo Ernesto (Araújo, ministro das Relações Exteriores), mas eu acho que eles (evangélicos) vão ficar na esperança. Porque uma coisa é você dizer que tem intenção, outra coisa é você concretizar. Para sair de uma ideia para a vida real, você tem uma série de outras considerações de ordem prática. Então, eu acho completamente inviável essa conexão“, afirmou o general, considerado um dos mais próximos do presidente.
“São coisas que seriam levantadas, consideradas, na avaliação da concretização da ideia (de mudar a embaixada). Tudo tudo isso pode até inviabilizar (a transferência). Então, eu acho que o pessoal tem que ter um pouco mais de calma. Entre a ideia e a realidade, você tem uma distância bastante longa”, respondeu também Santos Cruz ao ser questionado sobre esses riscos.
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Bancada Evangélica quer mudança
“Eu acho que, difícil ou não, ele vai ter que colocar. Primeiro, porque é um desejo do presidente e segundo, porque existe um grupo de cristãos no Brasil, a Bancada Evangélica, e gostaríamos realmente que ele seguisse”, disse Takayama comentando a fala de Santos Cruz.
O pastor, que lidera a Frente Parlamentar, disse esperar que Bolsonaro siga com a promessa de mudar a embaixada brasileira para Jerusalém.
Citando uma passagem bíblica do livro de Gênesis 12.3 (E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem), Takayma ressalta porque que a Bancada Evangélica e os cristãos em geral entendem que a mudança será positiva para o Brasil.
“Só não quero que ele entenda isso como se fosse uma espiritualização, mas que nós, os cristãos, temos a convicção de que a embaixada do Brasil deve ser em Jerusalém”, frisou.
Pastor Takayama disse ainda que tal mudança não deve ser vista como uma afronta ao povo árabe, mas sim como um justo reconhecimento de uma verdade histórica: que Jerusalém é a verdadeira capital de Israel.
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Foi isso o que afirmou o pastor Silas Malafaia no último dia 5 em seu twitter: “Reconhecer Jerusalém como capital de Israel, é reconhecer o que a história verdadeira nos diz. Jerusalém foi fundada pelo rei Davi, sempre foi capital de Israel, nunca em nenhum momento da história foi capital de nenhum estado árabe.”
Entenda
Em entrevista ao jornal israelense Hayon no mês de novembro de 2018, o presidente eleito Jair Bolsonaro confirmou que seguirá o exemplo dos Estados Unidos e mudará a Embaixada brasileira de Tev Aviv, para Jerusalém.
“Israel é um Estado soberano. Se os senhores decidirem qual é a sua capital, nós os seguiremos. Quando me perguntaram durante a campanha se transferiria a Embaixada se fosse eleito presidente, respondi sim. Vocês decidem sobre a capital de Israel, não outros povos”, afirmou Bolsonaro.
Ao tomar conhecimento dessa decisão, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, usou o Twitter para comemorar e dizer que estava emocionado com tal declaração.
“Felicito meu amigo Presidente eleito, Jair Bolsonaro, por sua intenção de mover a embaixada do Brasil para Jerusalém, um passo histórico, correto e emocionante!”
Porém agora o presidente tem sido pressionado por apoiadores a evitar um confronto com opiniões que discordam da proposta.
Pressão
Os generais que cercam Jair Bolsonaro o aconselharam a recuar sobre a decisão de transferir a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém.
Segundo informações, o clima é de receios em torno de retaliações de radicais islâmicos.
Eles avaliam que a mudança, além de atritar as relações diplomáticas e comerciais com nações árabes, pode incentivar retaliações de radicais islâmicos.
Na campanha, o apoio a Israel partiu especialmente dos evangélicos.
No Twitter, Bolsonaro confirmou no Twitter que “pretende” transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém.
“Como afirmado durante a campanha, pretendemos transferir a Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém. Israel é um Estado soberano e nós o respeitamos”, publicou Jair.
A declaração foi promessa campanha do presidente eleito.
https://jmnoticia.com.br/2018/11/16/eua-protegera-brasil-em-possiveis-retaliacoes-por-mudanca-da-embaixada-para-jerusalem/