Tido como um mal que atinge sociedades das mais diversas culturas, em todo o mundo, o racismo não é um problema novo, mas tem sido continuamente debatido na mídia de muitos países. O preconceito também acabou se infiltrando em muitas igrejas e o casamento inter-racial também se tornou uma questão difícil de debater para muitos cristãos.
Comentando a questão, o pastor John Piper se posicionou totalmente a favor do casamento interracial e decidiu compartilhar novamente o seu próprio testemunho de vida, que conta como ele viu que precisava se libertar de seu próprio preconceito racial, quando era mais jovem.
“Eu era um adolescente do sul e racista. Sabendo que ainda sou um pecador, não duvido que elementos desse mal permaneçam em mim, para minha consternação. Por essas atitudes e ações persistentes eu me arrependo”, contou Piper em uma postagem de 2005, em seu site ‘DesiringGod.com’.
Piper contou que após a Igreja Presbiteriana dos EUA ter estebelicido um posicionamento claro sobre o racismo no meio deste ano (2016), o Seminário Bethlehem (no qual ele é diretor) também começou a adotar medidas mais enfáticas sobre este problema.
“O racismo é uma realidade muito difícil de definir. A equipe do Seminário Bethlehem está trabalhando nisso. Estamos mais comprometidos com a definição dada no meio deste ano, na reunião anual da Igreja Presbiteriana na América: ‘O racismo é uma crença ou prática explícita ou implícita que qualitativamente distingue ou valoriza uma raça sobre outras raças”, contou.
“É isso que quero dizer quando eu conto que eu era um racista, crescendo em Greenville, Carolina do Sul. Minhas atitudes e ações eram humilhantes e desrespeitosas com aqueles os não-brancos. E no cerne dessas atitudes estava a oposição ao casamento inter-racial”, acrescentou.
Piper contou que, hoje, quando se lembra de seus pensamentos e dizeres racistas, acredita que isso seria motivo de muita vergonha para sua família.
“Minha mãe, que lavou minha boca com sabão uma quando eu disse: ‘Cale a boca!’ para minha irmã, teria lavado a minha boca com gasolina, se ela soubesse o quão suja e racista era a minha boca”, contou.
O pastor citou sua mãe como uma mulher honrada, que já na década de 60, combatia o racismo e não tinha medo de contrariar até mesmo os líderes da igreja nesta questão.
“Ela era uma mulher de Deus, que semeou a mensagem da salvação em meu coração. Quando a nossa igreja votou para não admitir negros em 1963, quando eu tinha 17 anos, minha mãe colocou os convidados negros do casamento da minha irmã no santuário principal, porque os porteiros não iriam deixar que eles entrassem. Hoje eu entendo que ali eu já estava no meu caminho para a rendenção”, disse.
Influência positiva
Além de sua mãe, Piper contou que o a conduta de um missionário chamado Warren Webster também ajudou a transformar sua visão sobre questões raciais.
“Em 1967, eu participei da Conferência de Missões Urbanas. Eu estava concluindo meus estudos na Universidade de Wheaton. Lá nós ouvimos Warren Webster, que foi missionário no Paquistão, respondendo à pergunta de um estudante: ‘E se sua filha se apaixonar por um paquistanês enquanto você está no campo missionário e quiser se casar com ele?’. Sem hesitar, ele falou: “Melhor um cristão paquistanês que um americano branco sem Deus!’. Fui profundamente impactado por aquilo”, relatou.
Piper conta que quatro anos mais tarde, ele expôs sua opinião (já transformada) sobre o casamento inter-racial, e desde então, continua a considerar que a união matrimonial neste perfil pode ser benéfica – bem como qualquer outra entre um homem e uma mulher.
“Quatro anos depois, escrevi um artigo para Lewis Smedes em uma aula de ética no seminário, chamada ‘Ética do Casamento Inter-racial’. Para mim, aquela foi uma solução bíblica sobre assunto e até hoje não mudei mais a minha opinião sobre o que está lá. A Bíblia não se opõe ou proíbe casamentos inter-raciais. Há circunstâncias que, juntamente com os princípios bíblicos, tornam o casamento inter-racial, um bem positivo, em muitos casos”, concluiu.
Atualmente, Piper considera que a Igreja também tem um papel importante no combate ao racismo e o casamento inter-racial não deve ser questionado, simplesmente pelo fato das diferenças raciais.
“Nós, como Igreja, precisamos de um lugar claro para nos posicionarmos no casamento inter-racial. Igreja é o lugar mais natural e adequado para encontrar um cônjuge. E eles se encontrarão, até mesmo entre as linhas raciais”.
guiame