Há seis anos, no dia 6 de junho, militantes do grupo extremista Estado Islâmico (EI) invadiam a cidade de Mosul, ao norte do Iraque. Apesar dos radicais não dominarem mais o território hoje, os militantes ainda presentes em menor número e a COVID-19 preocupam a população, que voltou para o terceiro maior município do país. As ruas cheias de escombros e as casas vazias são consequências da guerra local que ocorreu entre 2014 e 2017.
Mais de 3 milhões de iraquianos tiveram que se deslocar pelo país em busca de um local seguro para sobreviver. Dois anos após o Estado Islâmico perder o domínio sobre o Iraque, ainda existem 1,4 milhão de pessoas vivendo em campos de deslocados internos e em assentos informais, garante a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
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A falta de perspectivas e a COVID-19 em Mosul
O motivo dos iraquianos não terem voltado para as antigas casas é a destruição total de grandes partes da cidade de Mosul. Em entrevista à agência de notícias Reuters, Sabiha Jassim contou o que avistou ao retornar para o território: “Vi estragos na cidade. Todas as casas e edifícios estão em completa ruína. Vi cadáveres com meus próprios olhos”. A iraquiana precisou retornar ao campo de deslocados porque não havia mais acesso a água potável e nem assistência médica na cidade. Autoridades locais garantiram que outras 200 famílias voltaram a viver nos campos pelos mesmo motivos.
A pandemia da COVID-19 agravou a situação dos iraquianos que vivem em campos de deslocados, já que os locais estão lotados e as condições de higiene não são as recomendadas pelas autoridades sanitárias. “É certamente muito provável que a COVID-19 prejudique os esforços de segurança doméstica e a cooperação internacional contra o Estado Islâmico, permitindo que os jihadistas preparem melhor os ataques e escalem campanhas de guerra insurgente nos campos de batalha em todo o mundo”, afirmou a organização The International Crisis Group em um relatório.
A falta de perspectivas de futuro é outro fator que preocupa os governantes, já que os jovens nas regiões afetadas se tornam presas fáceis para os recrutadores do Estado Islâmico. Porém, a própria reconstrução de Mosul pode ser uma oportunidade para geração de empregos para a população. Um exemplo claro são as construções de uma igreja e uma mesquita na cidade com a ajuda da UNESCO. “Alguns cristãos já estão trabalhando em Mosul, mas o principal desafio será restabelecer a confiança entre os povos e as comunidades”, explicou Olivier Poquillon, líder cristão local.