Rodrigo Santoro agora tem em sua considerável lista de atuação, o “incomparável” — nas palavras do ator — Jesus Cristo. O ator interpreta o personagem no filme “Ben-Hur”, que entra em cartaz nos cinemas hoje. No longa do russo Timur Bekmambetov, o papel do brasileiro costura ponto a ponto a história central, uma rivalidade travada entre os irmãos Judah Ben-Hur (Jack Huston), judeu, e Messala (Toby Kebbell), romano.
— Não existe o grande personagem. Mas esse, sem dúvida, eu não consigo comparar com os outros que já interpretei pela relação íntima e espiritual. Nada se compara a Jesus Cristo — sentencia Santoro, que fala dos efeitos do trabalho: — A experiência me transformou em todos os sentidos. Se eu tive acesso a uma milionésima fração do que foi Cristo, porque realmente me coloquei para estudar isso, ele já reescreveu minhas motivações na vida.
O ator acrescenta que os estímulos provocados pelas filmagens de “Ben-Hur” desaguaram no seu cotidiano.
— Quando perguntam sobre a responsabilidade de interpretar Jesus, digo que é enorme. Mas não maior do que o aprendizado que eu tive. O caminho é sair da palavra. Antes, eu tinha uma idealização dessa figura. Hoje, construí uma relação mais profunda. É uma proposta minha acordar, viver e colocar na prática. Como se trabalhar o perdão? É superdifícil, mas isso é um exercício — filosofa ele, que completa 41 anos na próxima segunda-feira.
Com força e emoção
“Ben-Hur” é uma história épica, cuja primeira gravação foi feita em 1959, e narra a vida de um príncipe falsamente acusado de traição por seu irmão adotivo Messala, um oficial do exército romano. Destronado e afastado da família, Ben-Hur é escravizado pelo exército de Roma, que tentava conquistar novas terras. Após anos no mar, ele retorna à sua cidade em busca de vingança. Lá, no entanto, ele e a população encontram Cristo.
— Foi desafiador fazer esse filme porque ele é um clássico. Quando recebi o convite, fiquei cauteloso. Mas fizemos um trabalho sob a ótica do amor. É uma boa história contada de maneira diferente da de 1959 (protagonizada por Charlton Heston), para um público mais moderno — explica Jack Huston, que teve como parceiro de cenas o veterano Morgan Freeman.
Rodrigo Santoro se emocionou ao descrever a cena da crucificação.
— Foi uma das cenas mais impactantes da minha vida. Nāo vou esquecer nunca. Estava muito frio e eu lá, crucificado, olhando Para o Jack (Huston), e aquela cidade (Matera) toda aos meu pés. Eu olhava para ele numa conexão muito forte. Foi incrível! — disse o ator, para depois fazer uma brincadeira: — Só nāo vale falar que eu chorei durante a coletiva de imprensa.
https://youtu.be/zUEDdgutKFw