Da redação
A Assembleia de Deus promove nesta quarta (26) e quinta-feira (27) um seminário sobre violência contra a mulher. A ideia é capacitar líderes, como pastores e pastoras, para acolher e orientar as vítimas. O evento é gratuito e acontece na sede da igreja, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia.
Segundo a assessoria, a igreja espera receber 300 pessoas no seminário, que tem como nome “A Igreja contra violência doméstica”. A iniciativa é do pastor e presidente, Neuton Abreu, que terá um núcleo para receber relatos e acompanhar casos de violência doméstica, além de atuar na prevenção de casos.
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Neuton conta que a ideia surgiu a partir de demandas do cotidiano. “Espero que o seminário tenha uma repercussão positiva e que as pessoas participem, seja no âmbito educacional, como educadores e professores, mas também toda a comunidade e a igreja.”
A socióloga e pesquisadora Aava Santiago, designada para coordenar o núcleo da igreja, explica que também está entre os objetivos do seminário que líderes evangélicos encorajem as vítimas a fazerem a denúncia.
Segundo ela, pesquisas de abrangência nacional apontam as dificuldades sofridas por evangélicas vítimas de violência doméstica, por falta de orientação e amparo por parte de suas congregações de fé. Ainda de acordo com Aava, um estudo da Universidade Mackenzie aponta que 40% das mulheres vítimas de agressão física ou verbal são evangélicas.
“Muitas vezes essas mulheres não denunciam por medo de represálias na comunidade eclesiástica ou por orientações equivocadas de que uma evangélica não deve denunciar um marido violento”, diz.
Ela afirma que o evento é inédito e que valores como justiça, respeito e amor ao próximo “são pilares da vida de um cristão”. Durante o seminário, serão abordados aspectos teológicos e sociais das vivências das mulheres que podem resultar em situações violentas.
Também participante do seminário, a defensora pública Gabriela Hamdan reafirma a importância do evento. Ela coordena o Núcleo Especial de Defesa dos Direitos das Mulheres da Defensoria Pública de Goiás (Nudem) e diz que muitas vítimas que procuram atendimento se dizem evangélicas.
“No primeiro dia vamos falar sobre a parte jurídica e psicológica da violência, como os conceitos e os tipos existentes. Já na quinta-feira [o trabalho] será focado nos líderes, pastores e pastoras da igreja, em como fazer o acolhimento e encaminhamento das denúncias”, conta.
Segundo ela, sua abordagem vai trazer os desafios da denúncia e uma série de orientações práticas de como as lideranças da igreja podem contribuir com as famílias para pôr fim em quadros de violência.
“A nossa ideia é tirar da cabeça do pastor que o problema da violência é resolvido apenas com o perdão, mas que também é necessário que este agressor seja denunciado pela sua conduta”, diz a defensora pública.
“A Igreja contra violência doméstica”
Data: 26 e 27 de junho
Horário: 19h30
Local: sede da Assembleia de Deus (Adpel) na Rua 1034, 319-342 no setor Pedro Ludovico
Entrada: Gratuita
(Com G1)