Igreja não encerra culto há um mês para abrigar refugiados na Holanda

Pastores têm se revezado na condução de um mesmo culto, 24 horas por dia, desde o dia 26 de outubro

Se alguém entrar na Igreja Bethel, em Haia, na Holanda, e perguntar há quanto tempo o culto começou, não vai nem acreditar na resposta. Foi há 29 dias. Pastores têm se revezado na condução de um mesmo culto, 24 horas por dia, desde o dia 26 de outubro. Isso porque essa comunidade está determinada a salvar uma família de imigrantes de ser deportada – e a lei holandesa proíbe oficiais de polícia de entrar em espaços de culto durante as liturgias.

A família é armena e está na Holanda há 9 anos. Sasun Tamrazyan fugiu do seu país de origem com a esposa Anousche e os três filhos, HayarpiWarduhi Seyran (foto abaixo), depois que a sua atividade política lhe valeu ameaças de morte. Eles chegaram a conseguir asilo legal após alguns anos, mas o governo apelou da decisão do juiz e conseguiu revertê-la.
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Eles decidiram então buscar asilo em uma igreja próxima, mas as dependências do local eram muito pequenas para a família. Entrando em contato com igrejas de Haia, conseguiram acolhida com a Igreja Bethel. Enquanto o culto decorre, os advogados da família tentam reivindicar uma autorização para que a família fique no país. A celebração já bateu o recorde mundial de culto mais longo.
“Dando hospitalidade a essa família, podemos dar tempo e espaço para demonstrar ao secretariado de Estado a importância da situação”, disse o presidente do Conselho Geral de Ministros Protestantes, Theo Hettema. Ele acredita que a prática de apelar de decisões de asilo é parte da estratégia do atual governo de restringir a imigração. Segundo Hettema, centenas de pessoas têm passado pela igreja para demonstrar apoio à família e mais de 300 pastores do país se voluntariaram para o revezamento na condução do culto.