Pastor Sidnei dos Santos
Alguns dias atrás li uma matéria do Prof. Antonio Villa, em que o autor afirmava categoricamente que a igreja é negócio, e que, portanto, impreterivelmente deve pagar impostos. Diante dessa tese, pergunto ao Prof.: qual igreja deve deixar de ser isenta de impostos? E por que mais impostos? Sendo que o problema não está na falta de arrecadação, e sim na distribuição e no retorno desse dinheiro para a sociedade, através de investimento sério em educação, saúde, segurança etc.
Quanto a frase “A Igreja é negócio” está incorreta por vários motivos, mas vou ponderar em um ou dois pontos apenas. Por exemplo: A Igreja Verdadeira, a Igreja de Cristo, que prega e ensina somente o que está na Palavra, e que procura fazer de seus ensinamentos e doutrinas a práxis de suas vidas, visando uma espiritualidade sadia. Essa Igreja que se preocupa com a coerência, dando testemunho do Evangelho que prega e ensina, que se preocupa com o próximo e suas necessidades básicas de sobrevivência. A Igreja que ainda se preocupa com a ética, a moral e a formação de caráter, com a família tradicional como modelo e alicerce social. Não me refiro é claro aos outros supostos modelos de família, em que o objetivo é através de movimentos populares arrecadar recursos dos governos. E olha que conseguem!
Essa Igreja Prof. Villa, que mencionei acima, ela não é negócio. E acredite se quiser, ela existe, e não somente existe, como também é necessária. Essa Igreja que me refiro não é a ICAR (igreja católica apostólica romana), que nem de longe se parece com a Igreja Verdadeira, a Igreja Bíblica, Modelo, a Igreja Primitiva. É lógico que muitos! Milhares! Milhões ou quem sabe bilhões de indivíduos não concorda em que a Igreja seja necessária, e daí? Eles também não concordam com outras coisas boas que proporcionariam uma vida melhor para o ser humano, quanto mais uma questão voltada ao metafísico do homem. Isso é compreensível.
Agora, realmente o sr. tem razão ao mencionar que tem muitas igrejas com uma contabilidade e administração amadoras, o que facilita arrecadações de quantias milionárias. Nesse sentido Caio Fábio afirma que o objetivo dessas igrejas é a lavagem de dinheiro, o que é lamentável. Creio que a argumentação mais ponderada e relevante seja a de seu colega jornalista do SBT (não lembro seu nome), em que sugeriu a cobrança de impostos sobre os bens do líder, e nunca da instituição.
Outra questão que achei um absurdo em seu artigo foi a frase “em detrimento dos ateus”, e para ser sincero não entendi direito o que o Prof. Villa quis dizer, até por que não entrou em detalhes sobre o mérito da questão. Se não estou equivocado o Prof. afirmou que a maneira com que a igreja exerce sua fé é um privilégio concedido por causa dos ateus, ou seja, assim como eles são isentos, a igreja também; uma vez que a Constituição faz essa concessão para instituições sem fins lucrativos. Mas, espera aí! O sr. acha mesmo em sã consciência que essa classe (ateus ou agnósticos) iriam permitir uma façanha dessas? Ainda mais esse grupo que persegue a religião de tal forma, que muitas vezes as igrejas são cerceadas em seu direito de liberdade religiosa, mesmo que isso seja claríssimo sua garantia constitucional? Permitiriam que outros tirassem proveito desse privilegio sem nenhuma reclamação? Pelas barbas do profeta Prof., não posso concordar contigo em hipótese alguma, se realmente foi isso que o sr. quis dizer. É lógico que eles próprios sabem que não funciona bem assim.
Logo abaixo faço citação direta do artigo do Dr. Marcelo Azevedo sobre a liberdade religiosa, e que prova exatamente o contrário do que o sr. afirma:
A liberdade religiosa no Brasil está em jogo, e o principal adversário da consolidação desse direito constitucional é o Supremo Tribunal Federal (STF). Essa visão é do advogado e doutor em Direito pela PUC-SP, Marcelo Azevedo.
“A Constituição reconhece, prestigia e protege a dimensão espiritual, porque entende que religião é indispensável para a formação integral da pessoa humana”, ponderou o doutor em Direito. “A Constituição federal consagra a visão de que existem duas ordens autônomas, independentes e soberanas, a ordem temporal e a ordem espiritual. Segundo esta ótica, o Estado não deve interferir na ordem espiritual”, acrescentou.
O princípio de liberdade religiosa, segundo Azevedo, deve alcançar todos os grupos, incluindo ateus e agnósticos, que são protegidos em seu direito de não crer, mas sem se sobrepor ao direito de quem tem fé. E o que tem acontecido é exatamente isso: a limitação do exercício da fé em nome da ausência dela.
Até Constantino Imperador romano no 2º século da d. C. tirou proveito da massa cristã (crescimento e popularidade durante seu governo); então, por que que em pleno século 21, quando a igreja está consolidada praticamente em todo o mundo, a igreja iria depender de um grupo desses para obter privilégios e isenções tributárias junto aos governos? Exatamente aqueles que são hostis à religião, zombam e fazem críticas ferrenhas? Sinceramente, não faz sentido.
É possível dimensionar a contribuição que a igreja e o cristianismo trouxeram a sociedade ao longo de séculos e milênios? Até a ciência foi beneficiada com a fé! Bom, para o sr. que é Prof. de História é tarefa totalmente possível.
É fácil falar da igreja evangélica, da ICAR, falar de pastores, missionários e padres etc; Não dá em nada, todo mundo desce a lenha, pois são uma comunidade pacífica. Agora, se eu fosse o sr. que é um Prof. conceituado, e que tem nome na mídia, tem vez e voz, se preocuparia com um outro grupo, que inclusive, nos últimos anos vem crescendo muito no Brasil. Eles são radicais, fanáticos e extremamente intolerantes, e já se sabe que em algumas capitais brasileiras eles tem sido muito bem tratados pelos nossos governantes, que infelizmente não querem abrirem os olhos para a realidade. Eles têm tomado espaço de nossos cidadãos brasileiros em determinados setores de trabalhos, tendo facilidade no processo burocrático para que seus documentos sejam viabilizados por nossas competentes autoridades, a fim de que tenha permanência e trabalho. O sr. acha isso justo? Imagino que não! – Esses muçulmanos são terríveis
Interessante! Não vejo a mídia, nem jornalistas, nem artistas ou outras personalidades de destaque falando a verdade concernente a atuação dos muçulmanos no Brasil, com informações contundentes que realmente reflita a realidade e o verdadeiro propósito desse grupo em nosso país, a não ser algumas notícias extraoficiais na net, e alguns vídeos aleatórios amadores. E sabe de uma coisa? Se providências não forem tomadas pelas autoridades brasileiras para delimitar sua estadia em nosso território – vai sobrar para todo mundo, inclusive, para ateus e políticos; basta que eles tenham permissão e oportunidades de, gradativamente alcançar o poder no decorrer de alguns anos.
Concernente aos ateus e agnósticos, me lembro do Luís Datena, que algum tempo atrás falou algumas verdades históricas sobre eles na TV, e como resposta foi processado e teve que se retratar do que havia dito. É sempre assim, a verdade só vale quando é contra a religião. Parece que ninguém tem coragem de dizer quem foram e o que fizeram esses dois grupos no decorrer da história, e quem são eles hoje e o que representam para a sociedade. E depois, é a igreja que tem que pagar impostos? Que intolerância! Quanta parcialidade! Interpretação tendenciosa dos fatos! Que tal fazer valer a Constituição para todos, principalmente para os nossos governantes? Ordem e progresso. Sem ferimentos constitucionais, sem fazer da Carta Magna de nosso país uma colcha de retalhos para favorecer grupos populares ou ideologias paralelas, o que corrompe os valores, a ética e a solidez social. Precisamos voltar a ter respeito a nossa Constituição, a fim de que tenhamos uma verdadeira democracia com instituições fortes sem o aparelhamento do Estado pelo governo.
Sidnei dos Santos – Pastor é Presbiteriano e missionário, da Igreja Presbiteriana do Brasil, pela JMN (Junta de Missões Nacionais). Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana de Londrina/PR. Paranaense e pastor da Comunidade Ribeirinha do interior do Pará.