Um vídeo em que o governador do estado de Kano, Umar Abdullahi Ganduje, obriga algumas meninas cristãs menores de idade a se converterem ao islã está causando polêmica na Nigéria. De acordo com o site World Watch Monitor, as gravações não foram alteradas e o político não negou o conteúdo da filmagem. As adolescentes entre 14 e 16 anos fazem uma oração islâmica aceitando a fé do profeta Maomé.
Uma fonte anônima do estado confirmou que o incidente aconteceu recentemente dentro de prédio público. Ganduje justificou que as meninas convertidas eram de religiões tradicionais africanas, porém, uma das jovens é chamada de Becky, abreviação de Rebecca, um nome bíblico. De acordo com o jornal local The Whistler, o governador já tomou atitudes semelhantes em outras ocasiões, antes mesmo de ocupar o cargo político.
O assessor especial falou em nome de Ganduje e negou que ele estava usando dinheiro público para a propagação da fé islâmica. Mas confirmou que o governador tem uma fundação que leva o nome dele e trabalha com serviços humanitários e na propagação do islamismo. Os assuntos pessoais do político influenciam a maneira como os cristãos são tratados em Kano.
Punição do governo aos cristãos
De acordo com o grupo nigeriano Christian Rights Agenda (CRA), os seguidores de Jesus da minoria hausa são excluídos dos direitos básicos, como ter bolsas de estudos em instituições dentro e fora do estado, e ainda têm oportunidades de emprego negadas. Essa segregação mantém todos em situação de extrema vulnerabilidade na região.
“Gastar recursos estatais para a conversão de menores cristãos inspirados pela jihad, pela força, truques, intimidação, ameaças e todos os tipos de meios atrasados é o insulto mais irritante que os cristãos de Kano são forçados a viver sob o governo de Ganduje”, afirma o diretor interino do CRA, Tom Chiamen. A organização também acusa o político de promover a conversão em massa usando de coerção desde que se tornou governador, em 2015, e promete fazer uma denúncia à comunidade internacional se ele não devolver as adolescentes às famílias.
O pastor Gideon Para-Mallam trabalha em prol da justiça social e questiona a impunidade de Ganduje. Ele lembra que a atitude das autoridades nigerianas seria diferente se a fé propagada com dinheiro público fosse a cristã. “Isso é ilegalidade no nível executivo. O uso da posição oficial de alguém para promover o islã em um país multirreligioso é um desserviço à promoção da harmonia religiosa em um estado que possui cristãos e muçulmanos. Esta falsa conversão não deve permanecer”, compartilha o líder cristão.
A Portas Abertas noticia constantemente casos de meninas cristãs que são capturadas e forçadas a se converterem ao islã na Nigéria. As vítimas têm nomes diferentes, como Joy, Leah Sharibu e Ruth, mas a perseguição que enfrentam é do mesmo modo. São sequestradas, abusadas sexual e fisicamente, e forçadas a se casar com extremistas. Apesar da Constituição nigeriana afirmar que as mulheres menores de 18 anos estão sob custódia dos pais biológicos e não podem ser tiradas à força de casa, mesmo em nome da religião, as autoridades encontram maneiras de estar acima da lei.