A fofoca é um fator inerente à vida de qualquer sociedade, seja ela primitiva ou desenvolvida. No Brasil, travestida da preocupação com a verdade, a fofoca ganha especial notoriedade, principalmente, no mundo político, religioso e artístico. Se manifesta através da esperteza de falsos “especialistas” que destilam inveja, ódio, despeito, ciúme, vingança e maldade. São críticos da vida alheia que não conseguem ver nada de positivo na beleza, no sucesso, no talento e na vitória de outras pessoas, a não ser nos próprios atos. A fofoca é um mal que se propaga com a velocidade do som; elas têm a força dos ventos e o poder destrutivo de um terremoto.
Com elas, pessoas inescrupulosas põem em xeque a reputação de homens ou mulheres e a imagem de organizações, públicas ou privadas. As fofocas contaminam os bons costumes, azedam as relações interpessoais, destroem a eficácia do trabalho de profissionais e o ambiente de trabalho de inúmeras empresas. Além disso, põem em risco o patrimônio empresarial e as relações trabalhistas entre empregadores e empregados, promovem o favorecimento indevido de uns e demissão sumária de outros, semeiam o radicalismo e o ódio, dentre tantos e tantos efeitos nocivos. Elas atacam indistintamente, amigos e inimigos mortais, ricos e pobres, poderosos e fracos, jovens e adultos. Aqui, justifica-se a sábia análise de Platão, um dos pais da filosofia grega: “Os sábios falam porque têm algo a dizer; os tolos, porque têm de dizer algo“. As fofocas, dificilmente, têm propósito construtivo, educativo ou mesmo, corretivo. Quem teria, porventura, a coragem de confidenciar a um indivíduo bisbilhoteiro determinado informações? Que líder, em sã consciência, promoveria tal indivíduo, sabendo de antemão que ele não inspira confiança e que suas palavras não merecem credibilidade? Quando a fofocagem se torna um hábito entre as pessoas numa empresa, ou instituição religiosa, seus efeitos negativos não demoram a aparecer (Pv. 26:20; Lv. 19:16).
Paira um sentimento de desconforto, insatisfação, suspeita, e até mesmo de paranóia. Alguém diz algo a outra pessoa sobre uma terceira (ausente). É muito difícil que alguém seja produtivo e eficaz, quando percebe que está sob o fogo serrado e cruzado da fofocagem – é preciso se proteger. A bem da verdade, é impossível banir de uma empresa a fofoca, mas ela pode ser reduzida, significativamente, se os profissionais tomarem alguns cuidados e providências. · É preferível chorar sozinho na privacidade de seu quarto a fazê-lo em público, nos ombros da pessoa errada. Diz a sabedoria popular: “Em boca fechada, não entra mosquito.” · Cuidado para não julgar precipitadamente as pessoas e os fatores que as motivam a agir de modo pouco convencional ou duvidoso (Mt.7:1). A mesma língua ferina, que critica e envenena as ações de outras pessoas, poderá voltar-se contra si mesmo e deixá-lo em apuros como crítico contumaz e insensato.
A fofoca, certamente, não tem esses atributos. Evite o descontrole emocional diante das pessoas com quem trabalha. Ela pode até ser considerada “uma mentirinha branca, sem muitas conseqüências” e socialmente aceitável, mas mesmo assim continua sendo uma mentira. E essa qualquer que seja a sua forma, deve ser evitada, se ambicionamos um mundo melhor, mais justo e mais seguro. É preciso que as pessoas se conscientizem de que o tempo é fator estratégico em suas vidas. Portanto, ocupá-lo com assuntos de menor importância significa perdê-lo. “Diga-me como trata o presente e lhe direi que filósofo você é… Se você ligar o presente, tudo estará ligado. Se você mantiver o presente livre, então haverá lugar para as outras liberdades. Se você esterilizar o presente, tudo o mais será estéril, vazio. Se você tornar o presente fecundo, tudo o mais será fecundo”
O papel do líder, pastor ou outras pessoas que exerçam a posição ou represente alguém é fundamental para administrar as fofocas e os conflitos que elas geram no trabalho. Sendo assim, o gestor precisa mostrar autoridade ao não tolerar boatos maldosos, identificando a origem, o autor da fofoca e punindo com chamadas, advertências e em último caso até mesmo, se for o caso um pastor de igreja, as devidas providencias preconizadas no regimento interno de sua igreja ou instituição.
JOÃO ABRANTES, pastor, professor, pós graduado em políticas públicas, graduando em direito, palestrante, funcionário público municipal. Email: joaoabrantess@hotmail.com