Da Redação JM Notícia
Uma exposição de arte tem gerado grande revolta entre os cristãos paraibanos por associar um versículo bíblico com uma imagem de cunho sexual. Exposta na mostra Sui Generis, realizada na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, a obra de arte foi comentada até Câmara Municipal.
Isso porque o quadro do artista paraibano Lucas Gomes, conhecido pelo nome artístico de Kai Oliveira, mostra o trecho da Bíblia: “Tomai e comei, esse é o meu corpo” associado a uma imagem de cunho sexual.
A primeira entidade a se manifestar contra o quadro foi comunidade católica Casa Monsenhor Catão que emitiu uma nota de protesto contra a exposição.“Atribuir a tais sinais sagrados uma conotação sexual se trata de um escárnio e vilipêndio sem precedentes! Ainda mais quando tal exposição se encontra aberta à visitação de crianças de qualquer idade, que muitas vezes são conduzidas ao local por suas escolas sem que suas famílias sequer saibam do que se trata a exposição”.
O assunto também chegou à Câmara de João Pessoa, através da vereadora Elisa Virgínia que considerou a obra como um vilipêndio. “Está previsto no artigo 208 do Código Penal. Vilipendiar, escarnecer esculturas sagradas e instrumentos religiosos é crime e a pena é de um mês a um ano. É um desrespeito a mais de 90% do povo brasileiro que é cristão”.
A parlamentar evangélica reclamou ainda que o quadro “desenha um pênis completo, onde se forma uma nádega para cima. E coloca: ‘Tomai todos e comei, esse é o meu corpo’. Esse versículo é usualmente falado durante a Santa Ceia, onde as pessoas estão ali para partilhar o corpo de Cristo em memória dele”, declarou.
Elisa Virgínia ainda questiona intenção do artista. “Como é que um rapaz como esse tem a capacidade de magoar a fé cristã dessa forma? É um absurdo e eu não vou tolerar. Se quiserem me chamar de intolerante, eu aceito. É um elogio”, disse.
Outros dois vereadores também criticaram a exposição que ficará aberta para o público até o dia 31 de maio.
Artista comemora a repercussão e crítica quem não entendeu sua artes
Segundo o Portal T5, Kai Oliveira usou seu perfil no Instagram para esclarecer a polêmica e se defender das acusações. Leia:
Esta não é uma desculpa. E esta não é uma explicação (apesar que servirá, sim, para elucidar algumas questões). Nos últimos dias eu fiquei extremamente feliz porque uma das minhas obras gerou um grande debate sobre questões do corpo, de religião e de liberdade; que é justamente sobre o que se trata a obra. Porém, infelizmente o que se sobressaiu não foram as reflexões produtivas sobre a arte, mas os xingamentos e leituras superficiais geradas a partir do preconceito e falta de reflexão crítica sobre a exposição como um todo. Eu lamento muito por isso e pelas pessoas que me violentaram se justificando que se sentiram violentadas. As obras foram escolhidos e selecionadas a partir de uma narrativa plural sobre o humano, e é lógico que alma e corpo seriam questões dentro dessa temática. Eu convido todas as pessoas a verem a exposição como um conjunto e tirarem suas próprias reflexões.
Pra quem acha que essa obra foi retirada por causa dos protestos, eu lamento informar que não foi por isso e que eu nunca vou me silenciar enquanto artista. No dia da abertura (antes dos protestos começarem), eu e o curador decidimos tirar duas obras que tinham texto por concluir que a mensagem delas destoava um pouco das outras obras justamente pela questão da linguagem e por acreditar que outras obras que não tinham texto expressariam a mensagem da mesma forma usando somente do visual. Não fui silenciado, pelo contrário, recebi bastante apoio da empresa e tenho certeza que nunca haveria esse tipo de censura à minha obra lá.