Da redação
O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, afirmou nesta quarta-feira, 15, que, nos últimos meses, já pensou em desistir da operação e ter uma vida mais tranquila. “Algumas vezes tive vontade de sair da Lava Jato, de voltar para o meu gabinete e de ter uma vida muito menos tumultuada”, afirmou em sua palestra no 7º Congresso Internacional de Compliance para um público de 900 pessoas em São Paulo.
“Depois de cinco anos (de operação), me sinto realmente cansado e as dificuldades fazem isso aflorar”, admitiu Deltan, que completou: “(Mas) quando eu tenho vontade de desistir, eu lembro do propósito, lembro que é para reduzir o sofrimento humano e a miséria que a corrupção causa”, afirmou. Questionado ao final do evento, Deltan disse que “não tem como não estar cansado”, mas afirmou que não pensa em desistir nem deixar a força-tarefa. Ele afirmou que não responderia outras perguntas.
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Em sua fala de quase uma hora, o procurador adotou tom motivacional, fez citações de livros, pesquisas comportamentais e reiterou a necessidade de as pessoas terem propósitos claros em tudo que fazem, em especial no ambiente profissional. “É preciso estimular continuamente a reflexão ética e sobre propósito no seio das organizações”, afirmou. “Todos vão ter frustrações e dificuldades correndo atrás dos sonhos de vocês. Mas cabe exclusivamente a você decidir o que vai fazer com essas frustrações”, aconselhou, no momento em foi aplaudido de pé pela plateia.
Membro da Igreja batista do Bacacheri, em Curitiba, desde a infância, a biografia de seu perfil nas redes sociais deixa claro quais são as suas prioridades na vida: “Seguidor de Jesus, Marido e Pai Apaixonado, Procurador da República por Vocação e Mestre em Direito por Harvard”.
Recentemente, perguntado sobre o que planeja no futuro, Dallagnol não confirma que deseja uma carreira política, seu plano parece ser outro. “Eu descartaria poucas coisas em relação a meu futuro, cogito talvez até virar pastor. Mas nós focamos no presente”, assegurou Dallagnol.
(Com Estadão)