Vários empresários de Palmas (TO) foram multados por participarem da manifestação pela reabertura do comércio no final da tarde do dia 29 de maio.
Os estabelecimentos estavam fechados há 70 dias e, pedindo para voltarem a trabalhar, os comerciantes fizeram uma carreata pela Avenida Juscelino Kubitscheck (JK).
De acordo com uma empresária, que prefere não se identificar, os bolsões de estacionamento da JK estavam fechados, assim como o estacionamento lateral ao banco Santander. Além disso, os policiais não permitiram que os carros ficassem parados na porta da Prefeitura.
“Estava tudo fechado e a polícia não deixava parar, os carros começaram a andar buzinando e com o pisca-alerta ligado, foram duas voltas pela JK e começaram a dizer que seríamos multados. daí os carros começaram a dispersar”, relatou a empresária.
E a multa realmente foi aplicada, tanto que 13 empresários já se juntaram e abriram um boletim de ocorrência para iniciar um processo administrativo visando reverter as multas.
Os comerciantes foram autuados por “promover na via exibição e demonstração de perícia em manobra de veículo sem permissão”, infração gravíssima no Código de Trânsito Brasileiro, gerando a perda de 7 pontos e uma multa no valor de R$ 2.934,70.
A manifestação foi pacífica, e tinha como objetivo mostrar a insatisfação dos moradores com o Poder Executivo que fechou o comércio, mas não apresentou propostas para o enfrentamento da pandemia.
“Foi um ato pacífico para mostrar nosso descontentamento não só com o fechamento do comércio, mas com toda a gestão que não está tomando providência alguma em relação à saúde, a nada. Ela [prefeita Cinthia Ribeiro] fica postando nas redes sociais sobre asfalto, isso e aquilo, mas em relação ao enfrentamento da pandemia, não vemos ela fazer nada”, completou.
A empresária, que teme represálias, reforça a importância do comércio na capital e estranha que os empresários sejam multados em um valor tão elevado justamente neste momento onde, por conta da pandemia, muitos já enfrentam problemas financeiros por terem ficado tantos dias sem trabalhar.
Vereadores entrarão no caso
Em entrevista ao JM Notícia, o vereador Moisemar Marinho comentou sobre a aplicação da multa e criticou a ação da Prefeitura diante de um período delicado gerado pela pandemia do novo coronavírus.
“A prefeita deixou mais de noventa dias os comércios fechados e ali não se tratava de bandidos e sim de trabalhadores, de pessoas que geram economia, renda e empregos para nossa cidade. Ela agiu de forma truculenta”, lamentou.
O parlamentar não concorda com a ação da prefeita de tentar punir com multa “pessoas de bem que estavam reivindicando algo não só para eles, mas para toda a sociedade”. A preocupação de Marinho é com o desemprego, o aumento da fome e da miséria por conta da crise gerada pelos dias que os estabelecimentos ficaram fechados.
“O desemprego pode trazer muitos efeitos colaterais. A miséria atinge também na segurança pública, porque o povo quando tá desempregado acaba que vai fazer coisa errada. Então, a gente não concorda com essa forma truculenta que a Prefeita tem se comportado”, completou.
A ideia do vereador é criar uma comissão de vereadores e buscar um entendimento junto ao Poder Executivo. “Não podemos deixar os comerciantes na mão”.