Por Leiliane Lopes
Nesta segunda-feira (8) volta a funcionar em Palmas (TO) diversas atividades comerciais após a assinatura do decreto nº 1.903, assinado pela prefeitura Cinthia Ribeiro (PSDB) e publicado no Diário Oficial da cidade na última sexta.
O texto, porém, não inclui o retorno das atividades religiosas, o que tem causado grande mal-estar entre a gestora e autoridades religiosas e políticas da cidade.
O deputado federal Eli Borges (SD-TO), por exemplo, considera a não abertura das igrejas “um absurdo” e se organiza para mover uma ação contra o Poder Executivo da capital tocantinense.
Em entrevista ao JM Notícia, Eli Borges mostra todo seu descontentamento com o que vê acontecendo em Palmas, e entende que a atitude mostra um “ranço” da Prefeitura para com as igrejas.
JM Notícia: Deputado, o que o senhor acha da proibição do funcionamento de igrejas na capital?
Dep. Eli Borges: Eu acho um absurdo, porque várias atividades já foram liberadas. E por que não a igreja? Se o que ela pede é abertura com critério, às vezes até acima do que pede a OMS, não justifica manter o fechamento das igrejas.
JM Notícia: Deputado, mas a Prefeita disse que não está fechando igrejas. Não tem proibição de culto.
Dep. Eli Borges: Se você olhar o decreto está escrito assim, ‘atividade sujeita aglomeração’ e lá no fim, neste quesito está dizendo ‘atividade religiosa’ que, somado às notificações que várias igrejas receberam de fiscais da Prefeitura, o que podemos resumir é que claro que as igrejas estão proibidas de funcionar presencialmente.
JM Notícia: Deputado, o que o senhor tem feito para ajudar essa questão?
Dep. Eli Borges: Bom, primeiro estou dando passos prudentes, tentando falar com a prefeita desde a semana passada, mas não consegui. Segundo, eu estou preparando uma ação judicial para provar que, com liberdade de culto presencial, somado aos critérios não há porque não abrir a igrejas, já que outras atividades de muito mais risco já tiveram autorização da Prefeitura de abrir.
JM Notícia: Além da ação, o que mais o senhor está fazendo?
Dep. Eli Borges: Bom, estou no debate desse assunto. A igreja ela já está impaciente! Isso pra mim, como pastor, está mais para guerra espiritual do que na essência para uma postura de defesa da vida. É um contrassenso, porque a igreja ajuda a pessoa a construir a vida. Se você respeitar dois metros de distância, todo mundo com máscara, um orientador de porta para controlar o fluxo de entrada e saída, se tiver necessidade de vários cultos com pulverização desses cultos, pra que entre um e outro, você faça assepsia e além do mais pessoas com comorbidades fiquem em casa. Eu não vejo porque impedir que a igreja funcione. Não vejo por isso. Eu entendo que está mais para uma guerra espiritual. Não estou acreditando no que eu estou percebendo.
JM Notícia: Quais atividades já foram liberadas em Palmas?
Dep. Eli Borges: Você faz uma visita ao comércio, e eu defendo a abertura dos comércios com critério, também você tem critérios de abertura das igrejas. Ninguém está pedindo pra abrir por abrir, mas abrir com o critério ou então está vendo um ranço político que, salvo o maior juízo, é muito sério.
JM Notícia: Qual é a maior preocupação do senhor?
Dep. ELi Borges: A minha preocupação e o que me assusta tremendamente é que tem gestores que estão achando muito fácil fechar a porta de uma igreja, como se fosse uma coisa comum, normal e natural. É mais fácil pra muitos gestores, fechar a porta de uma igreja, do que fechar a porta e controlar a lotação de ônibus, ou fecharem a feira, ou seja, a visão está muito ligada a economia, mas esqueceram que a igreja tem um lado da alma. Eu penso que o dono da igreja não está gostando disso, e quem peitar isto em algum momento pode ter com Deus uma necessidade de explicar melhor o porquê dessa animosidade contra a igreja, já que o vírus é do conhecimento de todos e as regras para impedir que ele me alcance já estão claras pela ciência. Não tem nenhuma razão da igreja continuar fechada. É um absurdo sem precedentes.
JM Notícia: Deputado além da ação judicial, que outras medidas podem ser tomadas?
Dep. Eli Borges: Podem e serão tomadas, mas da parte que me compete, eu ainda estou tentando agir com respeito, porque não faço disto um caminho político, mas você tem remédios. Por exemplo, a Câmara Municipal pode deve fazer um decreto suspendendo parte daquele decreto que proíbe a atividade religiosa como serviço essencialíssimo. Além do mais, é possível fazer um projeto de lei popular. E eu já estou organizando esse projeto também além da ação, porque a lei aprovada é mais forte do que a força de um decreto. A lei vai regulamentar como que a igreja pode funcionar e quais os critérios para ela voltar funcionar. Não existe impeditivo depois de uma lei aprovada, apenas isto. Eu estou estarrecido com o que eu estou vendo um dia depois do outro, uma semana depois da outra e tem alguém que está brincando com igreja que tem um dono chamado Jesus, o dono da cruz.
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