Economistas criticam escolha de Lula para o IBGE: “questão ideológica” e “perigosa”

O economista Marcio Pochmann foi confirmado nesta quarta-feira (26) pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A decisão é tida como polêmica por analistas. Em entrevista à CNN, a professora de economia do Insper, Juliana Inhasz, afirmou que não acha adequada a nomeação de Pochmann ao cargo.

Para ela, a indicação de Pochmann está ligada a questões ideológicas.

“A nomeação dele é muito mais uma forma de trazer a ideologia e pessoas mais ligadas ao presidente Lula, de uma maneira pessoal”, afirma Inhasz.

A professora destaca ainda que Pochmann não é, necessariamente, um economista considerado técnico.

Inhasz ainda diz que o mercado vê a nomeação do economista com maus olhos.

“A gente sabe que determinadas escolhas, interferências metodológicas, podem fazer com que os resultados fiquem bem distorcidos e a gente perde a possibilidade de fazer uma política econômica com uma base mais sólida”, conclui.

Dia de Luto

Diretora do BNDES no governo FHC e coordenadora do programa econômico da candidatura de Simone Tebet à Presidência em 2022, a economista Elena Landau (foto) disse ao Estadão que a escolha de Marcio Pochmann para presidir o IBGE marca um “dia de luto para a estatística brasileira”.

Hoje ministra do Planejamento, pasta à qual o IBGE é subordinado, Tebet teve de engolir a indicação de Pochmann, quadro do PT visto como “terraplanista econômico” por membros da sua equipe. Lula, que bateu o pé pela nomeação, confirmou-a hoje em conversa com Paulo Pimenta.

“[Pochmann é] uma pessoa que não entende de estatística, não tem preparo para a presidência do IBGE e não tem nada a ver com a linha da equipe econômica do Ministério do Planejamento. É uma posição partidária pura e absoluta”, declarou Landau.

A economista disse também que o novo presidente do IBGE pode “colocar em risco as pesquisas no Brasil” e lembrou o caso da Argentina, onde o Indec —o “IBGE” do país vizinho— perdeu credibilidade devido à maquiagem dos índices de inflação promovida pelos governos kirchneristas.

Landau afirmou ainda que o período de Pochmann à frente da presidência do Ipea, entre 2007 e 2011, foi “desastroso”“Ele demitiu técnicos da maior qualidade, interferia nas pesquisas, por uma razão puramente ideológica. Quem garante que não vai fazer isso no IBGE?”