Da redação
Durante o cumprimento de mandados no presídio de Cariri do Tocantins, na região sul do estado, a Polícia Civil encontrou plantas da unidade e um plano para invadir um dos blocos. O material foi apreendido durante a operação Intramuros, iniciada nesta segunda-feira (15) em 14 cidades do Tocantins e em outros dois estados. A investigação tem como alvos os membros de uma facção criminosa.
O delegado Eduardo Menezes, da Delegacia de Investigações Criminais de Paraíso do Tocantins, informou que os presos estavam planejando invadir o bloco de outra facção para executar os presos rivais.
Segundo ele, muitos homicídios registrados no estado nos últimos meses, principalmente em Palmas, são decorrência de uma guerra entre os grupos criminosos.
“A gente acredita que os índices de homicídio vão diminuir em Palmas. Vários líderes foram presos. Só nós últimos seis meses conseguimos elucidar três homicídios cometidos por membros dessa facção contra membros da facção rival”, explicou o delegado.
A operação foi iniciada nas primeiras horas desta segunda-feira. São 74 mandados de prisão e 72 de busca e apreensão. Dentre as ordens de prisão, pelo menos 30 eram contra criminosos que já estão presos nas unidades prisionais do estado e mesmo assim continuam comandando o tráfico.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), até meio-dia desta segunda-feira, 65 pessoas foram presas e as investigações continuam.
Investigação
De acordo com o delegado, o grupo criminoso é tão organizado que possui até um setor de RH e um tribunal da morte para decidir quem vai morrer. Cada membro da facção tem uma ficha cadastral e ganha pontos ao executar membros do grupo rival.
“Cada morte representa uma pontuação. Talvez a maior pontuação da organização criminosa. Essa pontuação é revertida na ascendência na hierarquia da organização. Por isso o alto número de homicídios”, afirmou o delegado.
Com os mandados de prisão, segundo a Polícia Civil, foram presos os principais líderes do grupo criminoso. “Prendemos as principais lideranças, conhecidas como ‘gerais’. Prendemos o geral do estado, que é o topo da pirâmide, geral da capital, do interior, da zona norte, geral de Araguaína, geral de Paraíso do Tocantins […] entre outras lideranças.”
Durante a operação foram apreendidos tabletes de maconha e 1,5 kg de crack. Parentes de presos foram presos em Goiás e Piauí. Segundo o delegado, os familiares eram obrigados a entrar no grupo e ajudar com dinheiro, emprestando as contas bancárias e até levando celulares e drogas para os presídios nos dias de visita.
Entenda
A Polícia Civil iniciou na manhã desta segunda-feira (15) uma operação para combater uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios. São 75 mandados de prisão e 72 de busca e apreensão. A operação envolve 300 policiais e está sendo realizada no Tocantins, Goiás e Piauí. A ação foi chamada de operação Intramuros.
As investigações começaram após agentes prisionais encontrarem celulares dentro da Casa de Prisão Provisória de Paraíso do Tocantins, na região central do estado. Os mandados foram expedidos pela Justiça da cidade.
Seis prisões foram feitas na Casa de Prisão Provisória de Palmas e outra na unidade prisional feminina. Outras cinco prisões ocorreram na Unidade de Tratamento Penal Barra da Grota, em Araguaína, onde estão presos dois homens que seriam os principais chefes do esquema.
Além de tráfico de drogas, os alvos são suspeitos de roubos e assassinatos.
(Com G1)