As consequências dos violentos conflitos no Oriente Médio estão se expandindo também para a área da saúde pública. Um surto catastrófico de uma doença tropical que desfigura o rosto das vítimas está se espalhando por áreas ocupadas pelo grupo terrorista Estado Islâmico na Síria e em algumas regiões da Líbia, Líbano e do Iêmen.
Uma pesquisa publicada nessa terça-feira pelo jornal cientifico PLOS revelou que a Leishmaniose Cutânea afeta atualmente centenas de milhares de pessoas que vivem em campos de refugiados ou zonas de guerra nesses países. A doença, causada por um parasita na corrente sanguínea, é transmitida através da picada de um mosquito e causa nódulos e lesões de pele desfigurantes.
O reitor da Escola Nacional de Medicina Tropical dos EUA e um dos principais autores da pesquisa, Peter Hotez, afirmou ao jornal Digital Journal que é preciso parar o avanço da doença o quanto antes, “ou arriscamos repetir outra situação como a do Ebola em zonas de conflito da África Ocidental em 2014”.
A Leishmaniose foi endêmica na Síria durante séculos e ficou conhecida como o “diabo de Aleppo”. Atualmente, o agravamento no conflito armado que já dura mais de cinco anos no país e a contínua crise de refugiados colaboraram para o surgimento de um novo surto. O número de casos registrados pelo Ministério da Saúde do país dobrou de 23.000 antes do início da guerra civil em 2011 para 41.000 em 2013, de acordo com a pesquisa do PLOS.
Países vizinhos, que recebem milhões de refugiados sírios, também passaram a reportar cada vez mais casos de Leishmaniose. No Líbano, foram relatados 1.033 casos em 2013, um aumento gigantesco comparado com os seis únicos registros ao longo dos doze anos anteriores. Centenas de pessoas infectadas também foram identificadas na Turquia e na Jordânia. Segundo os cientistas, a região leste da Líbia também viu o número de casos da doença crescer. No Iêmen, um número estimado de 10.000 novos casos são reportados a cada ano. Com cada vez mais iemenitas fugindo para a Arábia Saudita, aumenta a preocupação de que a doença se espalhe ainda mais.
A Leishmaniose Cutânea é uma das 17 doenças tropicais classificadas pela Organização Mundial da Saúde como “negligenciadas”. A organização acredita que o maior conhecimento a respeito da doença e o controle dos vetores, somados a um melhor acompanhamento e uma boa formação para os médicos poderiam impedir que a epidemia se espalhasse.
Com informações Veja