Marcio Dolzan e Vinicius Neder, O Estado de S.Paulo
RIO DE JANEIRO – O presidente eleito, Jair Bolsonaro, fará visita oficial a Israel até março, conforme pronunciamento conjunto após uma reunião com o primeiro-ministro israelense, Binjamin Netanyahu, na tarde desta sexta-feira, 28, no Rio. Bolsonaro e Netanyahu almoçaram e se reuniram no Forte de Copacabana, na zona sul do Rio.
Após o encontro, os dois líderes fizeram um pronunciamento – apenas a imprensa israelense e as TVs puderam acompanhar a declaração. Bolsonaro começou dizendo que Brasil e Israel, mais do que parceiros, são “irmãos no futuro, na economia, em tecnologia, em tudo aquilo que possa trazer benefícios para os dois países”.
Netanyahu agradeceu pela “gentilíssima recepção” e destacou que o momento era histórico, já que esta é a primeira visita de um primeiro-ministro de Israel ao Brasil na história. “Israel é a terra prometida. E o Brasil é terra da promessa (para o futuro)”, afirmou Netanyahu.
Segundo o primeiro-ministro, a cooperação entre os dois países poderá trazer “benefícios tremendos aos nossos dois povos, na economia, no emprego, na segurança, na agricultura, recursos hídricos, na indústria, em todos os domínios da atividade humana”.
“Convidei presidente Bolsonaro para visitar Israel, e ele aceitou, e ele será bem-vindo como um grande amigo, um grande aliado, um irmão”, disse Netanyahu.
Bolsonaro respondeu dizendo que pretendia visitar Israel até março, com “uma comitiva de vários setores da sociedade”. “O que for acertado entre nós será muito bom para brasileiros e israelenses. E, por que não dizer?, também para grande parte do mundo, porque estamos demonstrando que essas parcerias trazem o bem-estar para seus povos. Queremos que mais gente faça parceria com Israel, bem como conosco também”, disse Bolsonaro.
O presidente eleito fez apenas uma breve referência à política nacional, ao dizer que seu governo será “difícil”. “Começamos um governo difícil a partir de janeiro, mas o Brasil tem potencialidades, tem massa humana, como a formada em nosso ministério, para que possamos vencer esses obstáculos. Em parte, precisamos, sim, de bons aliados, de bons amigos, de bons irmãos, como Benjamin Netanyahu”, afirmou Bolsonaro.
Após o encontro no Forte de Copacabana, a agenda oficial de Netanyahu inclui um encontro com a comunidade judaica carioca na sinagoga Kehilat Yaacov, também em Copacabana. Bolsonaro deverá acompanhar o primeiro-ministro no evento.
Netanyahu desembarcou no Brasil por volta das 11h15 desta sexta-feira, no Aeroporto Tom Jobim-Galeão. O primeiro-ministro ficará no Rio até o dia 1º, quando seguirá para Brasília, onde acompanhará a cerimônia de posse de Bolsonaro.
Na quinta, Netanyahu informou pelo Twitter que pretendia discutir os laços de Israel “com o maior país da América Latina, o quinto país mais populoso do mundo”, e afirmou que o Brasil é “um país enorme, com enorme potencial para o Estado de Israel, economicamente, diplomaticamente e com relação a segurança”. Na mesma rede social, Bolsonaro disse que pretende “discutir novos rumos para nossas nações”.
O presidente eleito deixou sua casa, na Barra da Tijuca, sob gritos de “mito” — cerca de 20 pessoas aguardavam a saída do comboio na portaria. Ele recebeu apoio também durante sua chegada ao Forte de Copacabana.
Aproximação com Israel
Nos últimos dias, houve dúvidas sobre se Netanyahu participaria da solenidade de posse de Bolsonaro. Cogitava-se que o primeiro-ministro poderia antecipar o retorno para o país do Oriente Médio em razão da crise política que obrigou a coalizão de governo a antecipar para abril as eleições legislativas programadas para novembro.
Desde que foi eleito presidente, Bolsonaro passou a ensaiar uma aproximação com Israel, histórico aliado dos EUA. O presidente eleito gerou polêmica no Brasil e no exterior ao anunciar que, após assumir o comando do Palácio do Planalto, iria transferir a embaixada brasileria em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, a exemplo do que decidiu o presidente norte-americano Donald Trump.
A embaixada dos EUA em Jerusalém foi inaugurada em maio. A transferência da chancelaria representa o reconhecimento de Jerusalém – cidade considerada sagrada por várias religiões – como capital israelense.
Israel considera Jerusalém a “capital eterna e indivisível” do país, mas os palestinos não aceitam e reivindicam Jerusalém Oriental como capital de um futuro Estado palestino.
Diante das manifestações públicas de apoio a Israel do presidente eleito brasileiro, Netanyahu confirmou presença na cerimônia de posse de Bolsonaro. Ele será o primeiro chefe de Estado israelense a visitar o Brasil.
Nesta semana, Bolsonaro anunciou nas redes sociais que o futuro ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, irá em janeiro a Israel com o objetivo de visitar estações de dessalinização.
Segundo o presidente eleito, em parceria com o governo israelense, será estudada a realização de testes de produção de água a partir da umidade do ar.
“Poderemos, inclusive, negociar a instalação de fábrica no Nordeste para venda desses equipamentos no nosso mercado”, escreveu o presidente eleito no Twitter. Com informações Globo/ Estadão –