Manifestantes juntamente com o deputado Pastor Sargento Isidório. Foto:Reprodução/ArquivoPessoal
Em meio à confusão e após forte articulação dos deputados evangélicos, a Assembleia Legislativa da Bahia aprovou nesta quarta-feira, 4, o Plano Estadual de Educação (PEE) com trechos suprimidos do texto original. Foram retiradas as partes que previam assegurar a formação de professores da rede estadual de ensino para questões de gênero e sexualidade no Estado. Por acordo, as expressões foram substituídas pelo termo “diversidade”.
Segundo o portal EM, a sessão de apreciação da matéria foi marcada pela confusão nos corredores, galerias e plenário entre evangélicos e grupos ligados à garantia dos direitos das mulheres e LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros). Entre gritos de “Fascistas não passarão”, de um lado, e “ôôô a família voltou”, do outro, houve empurra-empurra que resultou na quebra de uma porta de vidro. Uma mulher desmaiou.
Entre gritos de “Fascistas não passarão”, de um lado, e “ôôô a família voltou” PEE foi aprovado sem Ideologia de Gênero. Foto: Reprodução/ArquivoPessoal
No plenário, o deputado Carlos Ubaldino (PSC) justificou sua posição pela retirada das expressões sobre gênero e sexualidade afirmando que a mulher nasceu da costela do homem. O deputado Pastor Sargento Isidório, que se apresenta com “ex-gay e ex-drogado” disse que o que se propunha era ensinar sexo para crianças de seis anos. “Homofobia é querer extinguir as crianças”, afirmou. Após a votação , ele ficou dançando com a Bíblia nas mãos.
“O Povo de Deus marcou presença nos debates do Projeto de Lei inº 21.925 / 2015, vencemos em prol da família baiana! JESUS é maravilhoso“, disse o deputado pastor Sargento Isidório.
Em defesa pela manutenção das expressões no texto, a deputada Fabíola Mansur (PSB) argumentou que a Bahia é pioneira no País nos estudos sobre questões de gênero, com a implantação do primeiro bacharelado em estudos de gênero da América Latina. “Precisamos formar cidadãos que respeitam o próximo”, disse.
Testemunha da sessão, a professora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, Maíra Kubík, disse ter ficado decepcionada porque “a Bíblia pautou uma discussão rasteira, que deveria ser laica”. “O que queremos é a formação de professores em gênero e sexualidade porque estas questões estão nas ruas e tinham que estar nas escolas”, disse.