Na semana passada o meio cristão foi mais uma vez surpreendido com a noticia da morte de um pastor por suicídio. O índice de mortes por suicídio tem crescido demasiadamente e o que chama atenção é a inserção de cristãos neste índice, dentre estes pastores, líderes de ministérios. Durante muito tempo evitou-se por parte da grande mídia , a divulgação de notícias sobre estes casos. Muitos veículos de comunicação em sua linha editorial não abordam o tema, assegurando ser uma medida de cautela para que essas notícias não sirvam de estímulos a outros que estejam com pensamentos suicidas para consumar o ato.
Porém estes últimos anos a questão vem sendo reavaliada e surgiu uma necessidade de uma abordagem mais abrangente. Instituições públicas e privadas, e, a própria sociedade em si têm buscado desenvolver campanhas e ações de alerta e de conscientização acerca do tema. Mas o que leva uma pessoa a tentar contra a própria vida? Os motivos podem ser diversos. Há casos de pessoas bem próximas a alguém que cometeu suicídio que nunca souberam os reais motivos que o levou a praticar tal ato. Se deixaram sinais, estes foram negligenciados. O que é possível notar-se a partir dos casos mais recentes de morte desse gênero, é que a depressão, embora não sendo o único motivo, tem tido uma posição de destaque no desencadeamento de morte por suicídio.
Por muito tempo a depressão foi negligenciada pela sociedade. Muitos atribuíam à “frescura” o que sentia uma pessoa depressiva.
A sociedade cristã, ou, parte dela, considerava a doença apenas pelo prisma espiritual, bem como o ato do suicídio em si. Deparar-se com cristãos no índice de mortes desta forma levaram muitos a repensar seus posicionamentos, e, a tomar medidas de prevenção para o cuidado não apenas do espiritual, como também do físico e emocional de uma pessoa.
Rodolpher Souza, pastor de uma denominação evangélica de Palmas, viveu o que ele caracteriza de “os piores momentos de sua vida” quando no ano de 2014 passou por um processo de depressão que quase o levou a cometer suicídio. Casado e pai de dois filhos, Rodolpher disse que em casa, com a família e em seu relacionamento conjugal, estava tudo bem, porém, passava por um esgotamento mental e emocional muito forte, ocasionado por pressões externas do dia a dia e pressões ministeriais. Rodolpher, que na época tinha pouco mais de dez anos de conversão e quatro anos de consagração pastoral, chegou a procurar auxílio com um psicólogo, mas disse que embora isso o tenha ajudado bastante, não foi o que o levou a cura. O pastor relata o seu testemunho em um livro recém publicado, intitulado “Eu escolhi Viver”. O livro relata todo o enredo e como foi o desfecho da história, o autor atribui a um milagre o modo como foi curado.
Embora tenha vivido sua experiência de cura por intervenção divina, Rodolpher orienta pessoas que estejam passando por um processo depressivo a buscarem ajuda. “Tudo o que uma pessoa que passa por uma depressão não quer é socializar-se. Por isso muitos são surpreendidos quando um ente bem próximo comete suicídio, sem que este tenha sequer comentado algo sobre o que vivia” declarou o pastor.
O isolamento é um dos sintomas de uma pessoa depressiva, a perca da alegria de viver acaba inibindo a vontade de estar próximo de outras e, de compartilhar os seus sentimentos. “Por mais difícil que seja, o único modo de romper com o isolamento é pedindo ajuda, abrir a boca, falar. A pessoa que estiver passando por isso deve procurar alguém de sua confiança, seja um amigo, um conselheiro, um pastor, ou, um profissional da área da saúde mental e emocional, como psicólogo, terapeuta e psiquiatra” aconselha Rodolpher.
O pastor que em seu livro relata que no tempo em que passou pela depressão considerava-se uma pessoa em casa e outra na igreja, onde liderava um ministério. No capítulo “Bota Casaco! Tira Casaco!” ele conta como era liderar pessoas sem deixar transparecer o que sentia. “Uma das bênçãos do nosso chamado é cuidar das pessoas que não estão bem e trazer refrigério para elas. Mas, de repente você está num lugar onde não está desejando mais viver e tem que distribuir sorrisos e dizer palavras de estímulos às pessoas. É muito controverso”.
Rodolpher alerta pastores e líderes religiosos quanto aos perigos de comportamentos como estes. “Muitos pastores e líderes forçam uma imagem de “ super pastores”, de uma vida quase perfeita, sem problemas. Mas quando o problema bate à porta, fica complicado ser transparente e sincero pois inicialmente o medo de serem vistos como frágeis é maior que a necessidade de pedir ajuda”.
Segundo ainda Rodolpher, o ser humano antecede títulos, cargos e posições. “Antes de sermos pastores ou o que quer que seja o cargo ou a função exercida, somos seres humanos. Não devemos sair expondo os nossos problemas para todo mundo, mas, também não devemos negá-los. É necessário gerenciar as nossas emoções, assumir quando não estamos bem, quando falhamos, quando pecamos. Todos nós estamos sujeitos a cair, a errar e falhar. Não somos perfeitos, mas, podemos levantar e seguir adiante. A vida é o bem mais precioso dado por Deus aos homens nesta terra. Vamos escolher Viver” finalizou o pastor.
O livro “Eu escolhi Viver” foi publicado em novembro deste ano e sua distribuição é gratuita. Quem tiver interesse em adquirir um exemplar pode entrar em contato com o pastor: 63 9 9107.6631 – rodolpher.souza@gmail.com