Por Fenelon Rocha
Na falta de uma alternativa óbvia e aglutinadora com vistas às eleições presidenciais de 2018, muitos potenciais candidatos fazem ensaios para saber até onde vão efetivamente suas possibilidades. Um que se movimenta com um claro propósito político-eleitoral é o ministro da Fazenda, Henrique Meireles. E o faz a partir de dois segmentos que deseja transformar em sua base de lançamento: o mercado e os evangélicos.
No meio da semana, Meirelles deixou a Esplanada dos Ministérios e foi cumprir agenda em Juiz de Fora, Minas Gerais, em convenção da Assembleia de Deus. Teoricamente um compromisso de caráter econômico: lá proferiu palestra sobre a agenda econômica do país, agora e para os próximos anos.
Mas um dado chama a atenção e entrega a proximidade do ministro com esse segmento religioso: a agenda em Juiz de Fora foi o quarto compromisso de Meirelles com grupos evangélicos, desde o início de junho. Antes já havia participado da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, do aniversário da Assembleia de Deus no Pará e das comemorações dos 85 anos do bispo Manoel Ferreira, primaz mundial das congregação.
Nota-se uma agenda nacional. E que tenta dar a Meirelles um suporte que pode credenciá-lo a um voo mais largo, seja numa postulação ao Planalto ou composição de chapa presidencial. Para isso, quer contar também com a boa ressonância do seu nome no mercado (isto é, entre o grande empresariado). Isso já aconteceu com José Alencar, que foi vice nas duas eleições de Lula.
Quando costurava sua chapa em 2002, Lula precisava dialogar com dois segmentos: o grande empresariado e os evangélicos. Encontrou em Alencar a pessoa que conversava com ambos os setores. Colocar o então senador mineiro na vice foi uma ampliação de eleitorado (com aproximação dos evangélicos) e uma credencial importante junto aos investidores.
Não se tem idéia dos reais planos de Meirelles. Mas certamente suas andanças entre crentes não tem só o objetivo de falar da agenda econômica, como afirmam seus assessores. Nesse mato tem coelho. E certamente o ministro tem os olhos postos nas eleições de 2018.
Vale lembrar, investidores de diversas áreas encontram em Henrique Meirelles a base do próprio governo Temer. É a partir das diretrizes econômicas abraçadas pelo ministro da Fazenda que os investidores projetam seus passos. E, também por isso, muitos analistas dizem que o governo Temer se sustenta no mercado. Portanto, se sustenta em Meirelles.
O ministro quer aproveitar essa força e essa ressonãncia para sonhar mais alto. O apoio inicial dos investidores e o suporte popular dos evangélicos seriam um ponto de partido para colocá-lo entre as opções.
Daí, é ver no que vai dar. Pra saber se a intenção combina com a realidade.