Da redação
“Eu nunca tive paz na minha aldeia porque a autoridade local e minha comunidade me perseguem porque se opõem à minha crença”, diz Tou*, um cristão do norte do Laos que enfrenta a opressão há quase uma década. Séries de maus tratos, violência e ataques são constantemente desferidos contra Tou depois que ele e sua família começaram a realizar cultos em sua casa.
Quando o chefe da aldeia, os anciãos e o comitê da aldeia ficaram sabendo da organização da cerimônia, a família foi advertida a não fazer nenhum ritual relacionado a Jesus, pois é proibido, mas a família continuou. Os aldeões budistas viram o que eles estavam fazendo e invadiram, atacaram e começaram a espancar os cristãos que estavam lá, incluindo Tou e sua família. “O cristianismo não tem significado e os cristãos são inúteis. Você não tem valor mesmo quando você morre “, disseram eles.
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Depois desse incidente no mesmo mês, Tou também foi maltratado pelos aldeões. Em uma série de incidentes de novembro do ano passado, seu celeiro de arroz foi queimado, seu trator usado para arar seu campo de arroz foi destruído e sua casa no campo teve o telhado perfurado.
Ele relatou esses incidentes ao chefe da aldeia, mas seu caso foi ignorado porque ele não tinha evidências para apresentar, de acordo com o chefe. Apenas um dia depois de relatar os incidentes, sua esposa Manilay * foi espancada por um homem. Durante a violência, ela perguntava por que as pessoas os odeiam por serem cristãos e por que eles não estão sendo ajudados. O homem ficou com raiva e pediu-lhe para ficar em silêncio sobre isso. Ela foi agredida na cabeça duas vezes enquanto segurava seu bebê. Um vizinho próximo que viu o incidente gritava: “Bata nela! Bata ela! Seria bom se ela morresse!”. O homem que a espancou também a ameaçou: “Eu derrubarei todo aquele que crer em Jesus. Eu vou matá-los porque eles são sem sentido e não tem valor!”
Um dos filhos de Tou e Manilay também foi atingida na cabeça com uma roda de ferro de uma motocicleta. “Eu desejo que o governo nos ajude e resolva este problema. Passamos esse tipo de ataque há oito anos”.
No mês passado, por meio da ajuda de parceiros locais, a Portas Abertas conseguiu estender ajuda financeira à família de Tou, bem como materiais de alfabetização para a igreja que ele mantém em sua casa e crianças que estão sendo injustamente maltratadas nas escolas, não lhes dando benefícios iguais comparados a outros cujos pais são budistas.
Em países de maioria budistas, os cristãos têm enfrentado extrema perseguição, com a violência de parentes e da comunidade, com crianças proibidas de participarem de escolas das vilas, corte em verbas de governo e benefícios a que teriam direito, além de verem suas casas, propriedades e comércios sendo depredados.
O Laos é o 19º país da Lista Mundial da Perseguição 2019 e um dos mais perseguidos do Sudeste Asiático.
Preparando cristãos para reagirem à perseguição
A realidade dos cristãos que vivem em países budistas do Sul e Sudeste Asiático é difícil. Gangues, ameaças de morte e visitas a delegacia de polícia fazem parte da vida de muitos pastores. A liderança da igreja enfrenta um grande desafio, sendo mais visada por budistas radicais. E como esses cristãos conseguem se manter firmes em Deus em meio a tantas provações? Uma das estratégias utilizadas pela Portas Abertas na região é o treinamento do Permanecendo Firme Através da Tempestade (PFAT), que prepara cristãos para a perseguição, os ajudando a se manter firmes em sua fé.
Em países do Sudeste Asiático, 70% da perseguição envolve cristãos que deixaram o budismo, religião predominante no país. Para que saibam como lidar com essa situação, a Portas Abertas oferece treinamentos de preparação para a perseguição. Uma campanha está sendo realizada e cada doação permite que um cristão desta região seja capacitado durante 8 meses.
*Nomes alterados por motivo de segurança