Paulo José Tavares de Bastos – A renúncia do pastor Riter José Marques de Souza da presidência da Assembleia de Deus no Pará pôs fim a mais de 30 anos de domínio da família Marques na COMIEADEPA (Convenção de Ministros e Igrejas Evangélicas da Assembleia de Deus no Estado do Pará). O afastamento, motivado pela divulgação de um vídeo de teor íntimo, gerou repercussão nacional no meio evangélico e impactou diretamente o cenário político do estado.
Com a saída de Riter, o comando da convenção foi assumido de forma definitiva pelo 1º vice-presidente, pastor Océlio Nauar de Araújo, líder do campo de Tucuruí (PA). Reconhecido por sua postura ética e equilíbrio administrativo, ele agora lidera um processo de reconstrução interna.
A sucessão ocorre menos de um ano após a morte do pastor Gilberto Marques, pai de Riter e uma das principais lideranças da Assembleia de Deus no Norte do País. A crise expôs disputas internas e fragilidades na condução da entidade.
No campo político, o desgaste atinge o deputado federal Olival Marques (MDB-PA), irmão de Riter. Em 2018, foi eleito com 135.398 votos pelo DEM (atual União Brasil), após cumprir mandato como deputado estadual entre 2015 e 2018. Com forte base no eleitorado evangélico, Olival enfrenta agora incertezas sobre a continuidade do apoio institucional da COMIEADEPA.
Sem a família no comando da convenção, considerada uma das mais influentes do País, cresce a dúvida sobre a posição da nova gestão em relação à tentativa de reeleição de Olival em 2026. O espaço aberto pode ser ocupado por novas lideranças desvinculadas das antigas dinastias religiosas.
A posse oficial da nova diretoria está marcada para 26 de abril, com eleição para a vice-presidência administrativa e preenchimento dos demais cargos vagos. O evento simboliza o início de uma nova era sob a liderança de Océlio Nauar.
Para observadores do meio religioso, o episódio também acentua a necessidade de reformas na CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil), que alterou sua chapa nacional diante da crise. As mudanças podem influenciar o perfil da liderança evangélica no País nos próximos anos.
Mais do que uma substituição de nomes, o momento representa o encerramento de um ciclo e o surgimento de uma nova configuração de poder dentro da Assembleia de Deus no Pará.