Da Redação JM Notícia
De olho no que está sendo ensinado nas escolas, muitos pais já começaram a se organizar e exigir que a escola retire do conteúdo programado livros que falem sobre a ideologia de gêneros, casos que se multiplicam no país estão freando o avanço do tema já vetado pelo Congresso Nacional para não fazer parte da Base Comum Curricular.
No Colégio Ipê, em Brasílias, pais de crianças do 2º do Ensino Fundamental discordaram do conto “Maria Gomes e os cavalinhos mágicos” que faz parte do livro “Lá vem história: contos do folclore mundial”. A história fala sobre Maria que foi abandonada por seu pai viúvo que não tinha condições de cria-la.
Maria passa a escutar uma voz que lhe ordena a se disfarçar de homem, ajudando-a a conseguir o emprego no jardim de um palácio. Achando que ela era um menino, o filho do rei se apaixonou dizendo que ela tinha olhos de mulher. E assim ele descobre o verdadeiro sexo de Maria e dos vivem felizes para sempre.
A mãe Gizeli Nicoski, de 38 anos, articulou com outras mães uma reclamação formal junto à escola dizendo que o conteúdo do livro é inadequado para crianças como sua filha Nicole, de 7 anos. “Não é que sejamos contrários a temas sobre sexualidade, mas tudo no seu tempo. Uma história que fala de criança abandonada, depois homem com homem, não pode ser algo adequado para alunos do 2º ano”, defende Gizeli, que também é mãe de Natalie e Nicholas, de três e quatro anos, respectivamente.
Dezoito, dos 32 pais de alunos, assinaram a reclamação, mas os demais não quiseram abrir mão do livro e para resolver o problema, a escola deixou a critério de cada um fazer a substituição, após negociar a troca de títulos com a editora. Gilberto Fernandes Costa, um dos diretores do Colégio Ipê, diz que a saída foi possível por se tratar de um material de suporte às aulas de literatura, o que permite que os professores trabalhem livros diferentes dentro de uma mesma classe. Sobre a ingerência dos pais, Costa prefere não polemizar:
Outro caso semelhante aconteceu no Colégio Marista de Brasília, de ensino infantil e fundamental, vinculado à Igreja Católica, o livro “A família de Sara” foi vetado no segundo semestre de 2015, após críticas de um pai.
A história conta as agruras de Sara, filha adotiva de uma mãe que não era casada, por não ter quem levar às festividades da escola no Dia dos Pais. Em determinado trecho, a mãe tenta consolar a menina: “É possível ter duas mães ou dois pais, ou ter mãe e padrasto e pai e madrasta, e gostar igualmente de todos. O importante, Sara, não é como sua família é, mas como ela te trata”.
Nem todos os pais concordaram com a retirada do livro, dizendo que não tinha “nada demais” na história e interferência dos pais foi indevida. “Eu li o livro com meu filho. No fim, de maneira bem leve, ele citava que era possível ter outras formas de família. Nada demais. A própria autora do livro contou a história dela: a família era ela e a filha adotada, que era negra” afirma Flaviane, mãe de um aluno que na época estava no terceiro ano.
A autora do livro, Gisele Gama, de 50 anos, declarou que escreveu o livro inspirado na história de sua filha adotiva que é negra. Para ela a retirada do livro no Colégio Marista foi “perseguição por preconceito”. “Esse pai colocava na internet meu livro com um carimbo ‘ideologia de gênero’. É tremendamente lamentável, mas mostra o preconceito que existe. O pior é a escola retirar o livro. Nenhuma criança pode ser menos por causa da família que tem. E o livro só conta a história real da minha família”, declarou.
Colégios ignoram a posição dos pais
Se em Brasília a oposição dos pais faz o colégio tomar medidas sobre o assunto, em Curitiba uma escola resolver manter o livro que fora criticado. Para o Colégio Positivo da capital paranaense não houve acordo e o livro de Sociologia dado aos alunos do 2º ano do Ensino Médio foi mantido, ensinando que “não existe um modelo pré-definido de comportamento ideal de mulheres e homens”.
A página “Escola Sem Partido PR” no Facebook divulgou o ensinamento do livro que defende a ideologia de gênero. Mas apesar da repercussão do caso, o tema continuará sendo ministrado aos alunos do colégio.
Segundo Joseph Razouk Júnior, diretor editorial da editora Positivo, a abordagem atende às diretrizes nacionais de educação e promove a cidadania. Atualmente, dois milhões de jovens em escolas públicas e particulares, no Brasil e no Japão, usam os livros da rede.
“A discussão sobre gênero, seja nas escolas, seja na sociedade como um todo, não pode ser lida como uma ideologia, e sim como um campo de pesquisa científico e acadêmico de reconhecimento internacional “, declarou ao jornal O Globo. “A cidadania é entendida como base do Estado de Direito e orientada pelos princípios jurídicos da liberdade, da igualdade e do respeito às diferenças”, completa Júnior. Com informações O Globo.