Um relatório preocupante afirma que a China continua a retirar órgãos dos chamados “prisioneiros de consciência” em larga escala.
Grande parte destes “procedimentos são feitos em pessoas que foram presas por contrariar o Partido Comunista, como por exemplo, cristãos. As informações foram divulgadas em um relatório da ‘News Corp Australia’.
Às vezes os prisioneiros chegam a ser mortos para que seus órgãos possam ser retirados. Em outros momentos, seus órgãos são extraídos enquanto eles ainda estão vivos, de acordo com o relatório.
Outro relatório divulgado em junho diz que entre 60 mil e 100 mil transplantes de órgãos estão sendo feitos em hospitais chineses a cada ano. A quantidade parece ser questionável, já que as autoridades alegam que apenas 10 mil transplantes de órgãos são feitos anualmente.
“O número total de transplantes que os funcionários atribuem ao país como um todo, dez mil por ano, é facilmente ultrapassado por apenas alguns hospitais. Seja qual for o número total, ele deve ser substancialmente maior que os números oficiais”, disse o relatório.
O relatório também afirma que o transplante de órgãos na China tornou-se um negócio lucrativo. Ele cita o desenvolvimento de novos hospitais ou novas clínicas de transplante, sugerindo que há uma garantia de um bom ‘banco de órgãos’.
Há também muitos médicos qualificados para realizar transplantes de órgãos, indicando uma demanda para a habilidade. Além disso, esses profissionais estão constantemente sendo treinados.
“O transplante de órgãos na China significa dinheiro, muita coisa”, diz o relatório.
Denúncia
Um grupo chamado ‘Médicos Contra a Colheita de Órgãos Forçados’ (‘DAFOH’) está conduzindo pesquisas sobre tais coletas de órgãos forçadas em ‘prisioneiros de consciência’. A organização diz que a China é “o único lugar onde a coleta sistemática sistemática de órgãos continua a ocorrer em massa e tudo isso sancionado pelo Estado”.
Uma das razões para isso é que não há legislação que proíba a prática. Pelo contrário, uma velha lei abre o caminho para coletar órgãos de prisioneiros executados.
“Na verdade, ainda existe uma ‘Disposição de 1984’, que permite que os presos executados sejam usados como doadores – em violação direta à todas as diretrizes internacionais”, disse a porta-voz do DAFOH, Sophia Bryskine, de acordo com a NewsCorp Austrália.
Ela disse que o sistema legal da China é “corrupto”.
“A China ainda não confirmou que os prisioneiros de consciência foram executados somente para a retirada de seus órgãos. Eles apenas disseram que pararam com os procedimentos sobre os prisioneiros executados que tinham sentenças de morte”, disse Bryskine, acrescentando que a pressão internacional é necessária para pôr fim à coleta forçada de órgãos, sancionada pelo Estado.
O ex-legislador canadense David Kilgour e o advogado de direitos humanos David Matas – co-autores do relatório – foram ao Parlamento Australiano na última segunda-feira (21), para pedir aos legisladores que intervenham na prática chinesa.
Kilgour e Matas disseram ao Parlamento que detêm provas de que há cerca de 60 mil a 100 mil transplantes de órgãos sendo realizados na China a cada ano. Eles disseram que a maioria das vítimas, além dos praticantes da doutrina Falun Gong, são cristãos, budistas tibetanos e uigures muçulmanos. O assassinato dessas pessoas permite que a demanda por transplantes seja atendida.
Em uma conferência de imprensa em junho, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, negou os relatos sobre a coleta forçada de órgãos.
“Quanto ao testemunho e ao relatório publicado, quero dizer que essas histórias sobre a coleta forçada de órgãos na China são imaginárias e sem fundamento – elas não têm qualquer base factual”, disse ela.
A China, segundo ela, impõe “leis e regulamentos estritos sobre esta questão”.
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