Em meio à revelação de uma série de incongruências no currículo acadêmico do novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, o presidente Jair Bolsonaro disse estar se sentindo traído, segundo aliados.
De acordo com relatos feitos à CNN, a sequência de informações equivocadas sobre a formação de Decotelli é apontada como imperdoável. Pessoas próximas a Bolsonaro dizem que, hoje, o clima no Palácio do Planalto é de constrangimento e que o futuro ministro dificilmente assumirá o comando do MEC (Ministério da Educação).
As acusações de plágio na dissertação de mestrado, somadas às falsas informações sobre os títulos acadêmicos de Decotelli, também geraram novo embate entre as entre as alas ideológica e militar.
Auxiliares de Bolsonaro afirmam que o filtro feito pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), do general Augusto Heleno, tem se mostrado ineficaz e que, mais uma vez, Bolsonaro é levado ao erro pelos próprios auxiliares. Por outro lado, há avaliação de ninguém poderia desconfiar de informações elencadas oficialmente em um currículo acadêmico.
A irritação de Bolsonaro com o GSI fez com que a ala ideológica aproveitasse a oportunidade para operar nos bastidores a retomada do MEC após a perda de Abraham Weintraub.
Decotelli foi alçado à pasta graças aos militares e Weintraub era um expoente dos ideológicos.
Nas últimas semanas, os ideológicos vêm reclamando do avanço dos militares na gestão. Atribuem aos generais do governo a mudança no estilo presidencial. Antes, era o confronto. Agora, a pacificação. Há reclamação também quanto às negociações políticas com o Centrão por parte da Secretaria de Governo, do general Luiz Eduardo Ramos, que decidiu submergir.
Com a queda de Decotelli, os ideológicos têm defendido um substituto mais parecido com Weintraub. Ilona Becskeházy, secretária de Educação Básica, é a preferida desse grupo. Ela é considerada conservadora e tem elogios à gestão Weintraub. Já os militares querem retomar as negociações com o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, ou com Sérgio Sant’Anna, assessor especial da pasta.