Da redação
Uma Comissão parlamentar de Inquérito (CPI) deverá ser aberta nos próximos dias na Câmara de vereadores de Palmas. A intenção é acompanhar as investigações da Operação Nosotros, feita pela Polícia Federal contra o prefeito Carlos Amastha (PSB). A proposta foi apresentada pelo vereador Lúcio Campelo (PR) nesta quarta-feira, 16 de novembro e ratificada por alguns vereadores presentes à sessão. “Sabemos da morosidade da justiça. Aqui com as provas, podemos agilizar o processo de punição. Quero que a base do prefeito assuma a responsabilidade pública com a nossa sociedade para construirmos essa CPI”, disse Campelo convidando os demais vereadores para consolidar a comissão.
O vereador pastor João Campos (PSC) disse que vai atender a missão precípua do vereador de legislar e fiscalizar o poder executivo e declarou apoio à comissão, para acompanhar as denuncias. Ele questionou o fato do prefeito ter viajado no dia 9 sendo que o evento só teria início no dia 15 e declarou ter estranhado o prefeito dizer no twitter que a investigação não teria sentido. “Como a polícia faz busca e apreensão atendendo uma decisão judicial e não tem sentido?”, questionou.
Junior Geo (PROS) sugeriu que a possível CPI poderia averiguar o fato de dois secretários também terem sido abordados pela Polícia Federal na busca de documentos que viessem comprovar algum tipo de irregularidade junto à gestão municipal. “Assim como o prefeito prega a transparência, que ele venha orientar os vereadores da base para que a transparência ocorra aqui na Câmara. Muita coisa vai ser encontrada no meio desse lamaçal”, disparou.
Geo acrescentou que viu como uma grande coincidência o prefeito ter viajado na véspera do início das investigações da PF. “Faço de imediato o requerimento verbal para pedir o relatório de prestação de contas de todas as viagens pagas pelo Município de Palmas, gastos pagos pelo município de Palmas”, concluiu.
Quem também fez questão de declarar apoio a CPI foi o vereador Milton Neris (PP). Ele acrescentou que a majoração da planta de valores possibilitou à gestão municipal a possibilidade de coagir empreendedores de Palmas. “Valores exorbitantes para pressionar. Precisamos abrir essa CPI, pois temos informações de que empresários que o executivo quis proteger teriam pagado menos, na mesma região. O Executivo precisa ser investigado”, disse.
Entenda
A Polícia Federal (PF) cumpriu, no dia 10 de novembro, mandados de busca e apreensão da “Operação Nosotros. O prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), foi alvo de mandado de condução coercitiva, mas está Barcelona, na Espanha, participando do Smart City Expo £ World Congress, e só retornará no dia 19. A operação tem como objetivo apurar suposta fraude envolvendo o processo de licitação para construção do sistema de transporte BRT de Palmas (TO) no valor aproximado de 260 milhões de reais.
O secretário municipal de Finanças e o Procurador Geral de Palmas foram conduzidos coercitivamente, além de donos de imobiliárias e donos de terras. Diversos servidores públicos também serão intimados a prestarem esclarecimentos.
De acordo com a Polícia Federal, foi identificado o repasse de informações privilegiadas da prefeitura a empresas que participaram da concorrência.
“Em conluio com grandes imobiliárias da região, agentes públicos também pressionavam proprietários para que cedessem, a título gratuito, parte de suas terras para pessoas ligadas ao esquema criminoso. Uma das formas de coação era através da cobrança de altos valores de IPTU desses proprietários”, informou a PF.
A implantação do sistema BRT valorizaria os imóveis que o grupo tivesse posse após a obra.