‘Ela não precisa do meu voto, precisa de Deus’, disse cabo Daciolo, que visitou a presidente neste sábado
“Nós podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição”, disse a presidente Dilma Rousseff em 2013. Passados três anos e encarando hoje a chance de ser afastada da Presidência, Dilma Rousseff recebeu no Palácio da Alvorada um deputado, até então seu desconhecido, não para ouvir a promessa de um voto de apoio neste domingo, mas o conforto das palavras divinas.
Bombeiro militar, o deputado Cabo Daciolo (PTdoB-RJ) é conhecido por fazer discursos com menções bíblicas do plenário da Câmara. Ele já tentou emplacar, sem sucesso, a tese de que o poder emana de Deus na Constituição Federal, esforço que acabou lhe rendendo a expulsão de seu partido, o PSOL. O congressista acabou se filiando ao PTdoB, partido formado por três deputados que não tomou posição sobre o afastamento de Dilma. Ele, pessoalmente, já anunciou voto favorável ao processo por crime de responsabilidade.
Ainda assim, Daciolo foi ao Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, para rezar para Dilma. Segundo ele, estavam apenas os dois no encontro, que durou não mais do que cinco minutos. “Nós oramos. Eu falei de Deus para ela, para que ela entregasse a vida a Ele, que Deus entregaria a vitória para ela”, narrou o parlamentar ao site de VEJA.
A ida do deputado ao Alvorada, que hoje recebeu aliados da presidente, provocou boatos de que ele mudaria o voto e ajudaria Dilma a salvar o mandato. Ele nega. “Eu oro por todos. Por quem tiver aflito e necessitado eu vou orar”, disse. “Sou a favor do impeachment, meu voto é sim. Estou falando isso desde o ano passado. Eu vou votar”, continuou. “Dilma não precisa do meu voto, ela precisa de Deus”, reforçou o congressista. “Foi a primeira vez que eu estive com ela, para você ver que é nesses momentos que consegue falar com eles.” Conforme o relato, Dilma foi lacônica diante da pregação: “Amém”, limitou-se a responder, agradecendo, ainda, pelas palavras de fé.
Varejo – Apesar de ser a primeira vez que encontra com Dilma, Daciolo já foi abordado por seus auxiliares. No mercado instalado dentro do Palácio do Planalto para ofertar cargos em troca de votos contrários ao impeachment, o congressista diz ter sido procurado por um assessor do atual ministro da Defesa, Aldo Rebelo.
Em troca, o deputado teria a garantia de que seria retirado de pauta propostas rechaçadas por bombeiros e policiais militares: o projeto de lei 3123, que cassa a ajuda de custo de militares quando vão para a inatividade e que limita a indenização de férias e licenças especiais não gozadas, e o projeto de lei complementar 257, que prevê a renegociação da dívida dos estados, mas impõe a congelamento da remuneração dos servidores. Com informações Consciência Cristã