A Organização das Nações Unidos para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) aprovou nesta terça-feira (2) a controversa resolução que retira a soberania de Israel da cidade de Jerusalém. O texto, votado em uma reunião em Paris, na França, foi aprovado por 22 países, entre eles, o Brasil. Dez nações, entre elas a Itália, votaram contra e 23 se abstiveram.
A resolução foi apresentada pela Argélia, Egito, Libano, Marrocos, Omã, Qatar e Sudão, em apoio à Palestina. Ela afirma que Jerusalém é importante para três religiões monoteístas e, portanto, não poderia ficar sob domínio de algum país ou religião.
Esta nova medida vem após a Unesco aprovar em outubro outra que tiram o poder ou condenam atos de Israel em Jerusalém. (ANSA)
Israel reage a resolução da UNESCO pedindo a países que mudem embaixadas para Jerusalém
Durante uma reação de diplomatas estrangeiros por ocasião do 69.º aniversário da independência de Israel que hoje se assinala, o Presidente israelita, Reuven Rivlin, frisou que Jerusalém “é a capital de Israel”.
“É chegado o momento de acabar com este absurdo e reconhecer Jerusalém como a capital”, insistiu, pedindo a transferência para lá das representações diplomáticas no país, segundo um comunicado oficial.
O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, também presente na celebração, reforçou o pedido, classificando como absurdo o gesto da agência especializada da ONU.
“Ainda existe uma brecha entre as nossas relações bilaterais, em expansão e crescimento, e a diplomacia multilateral”, observou, acrescentando desejar que essa brecha desapareça e, “como o Presidente”, sugerindo: “Mudem as vossas embaixadas para Jerusalém, a eterna capital do povo judeu durante 3.000 anos”.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) divulgou hoje um documento em que expressa preocupação com as atividades de Israel em Jerusalém Oriental, reclamada pelos palestinianos como capital do seu Estado, e o impacto do bloqueio que o país impõe à Faixa de Gaza desde há dez anos.
A UNESCO lamentou “a recusa das autoridades ocupantes em cessar as suas persistentes escavações, túneis, obras e projetos em Jerusalém Oriental e, em particular, dentro e fora da Cidade Velha”, cuja importância destacou para as três principais religiões monoteístas, noticiou o diário Times of Israel.
A organização condenou também “o contínuo encerramento, por parte de Israel, da Faixa de Gaza, que afeta negativamente a livre circulação de pessoas, estudantes e ajuda humanitária” e exigiu que “esse encerramento seja aligeirado”.
A imprensa local deu destaque a como, há alguns dias, as autoridades israelitas puseram em marcha a engrenagem diplomática para evitar que esta resolução da UNESCO fosse aprovada.
Israel mantém uma relação de tensão com este organismo da ONU que, em 2016, também apoiou dois textos que continham duras críticas à gestão israelita da Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha, sagrada tanto para o judaísmo como para o islão, e designada como Monte do Templo pela primeira religião e Nobre Santuário pela segunda.
Por seu lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano congratulou-se com a resolução e salientou que, com ela, “a UNESCO reafirma a importância fundamental de Jerusalém como patrimônio mundial e a necessidade de confrontar os perigos que representam as práticas ilegais de Israel, a potência ocupante, na cidade e noutros locais”. http://www.dn.pt/