Da Redação JM Notícia
O voto do Brasil na reunião da UNESCO sobre tirar o controle de Jerusalém de Israel trouxe desconforto na relação entre os dois países.
A relação já estava abalada quando em 2016 o Brasil não aceitou como embaixador um ex-líder colono ao cargo e recusou recebê-lo. Desde então o país ficou sem embaixador israelense.
Este ano Yossi Shelley assumiu o cargo e afirmou ao jornal O Globo que o presidente Michel Temer se mostra mais favorável aos israelenses.
“Desde que o governo mudou, após o período de Dilma Rousseff, acho que a situação está mais morna”, disse o novo embaixador de Israel no Brasil que foi nomeado especialmente pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Sobre este período sem representante israelense no país, o embaixador afirmou que os prejuízos práticos foram a ausência de uma conexão forte entre os empresários que fazem relações comerciais entre os dois países.
“Muitos empresários se deparam com problemas práticos e, quando não há uma conexão forte, isso pode atrapalhar. Homens de negócios não gostam de política, mas sim de dinheiro”, disse.
O assunto do voto do Brasil na ONU e depois na UNESCO também foi debatido pelo embaixador que esclareceu que não há assentamentos de Israel na Cisjordânia, mas sim áreas sob situação de guerra.
“Se o Brasil quiser apoiar a criação do Estado Palestino, digo: ‘OK, por que não?’. Vamos manter os negócios e a missão para melhorar a vida dos nossos povos. É preciso tomar ações para ajudar, e não nos boicotar“.
Segundo ele negociar a paz com a Autoridade Palestina não é difícil, desde que eles estejam dispostos a conversar. “A Autoridade Palestina precisa se sentar conosco, ao invés de bombardear e lançar mísseis. Estamos prontos para a paz, mas o outro lado não quer vir. Você pode perguntar-lhes o porquê, mas eu não sei a resposta”, completou.
E por falar em paz, Yossi Shelley diz que o Brasil pode contribuir com esse processo. “O Brasil precisa ser neutro para contribuir à paz. E o Brasil não é neutro há 15 anos”, afirmou o embaixador.