Nas últimas semanas, a disputa pela liderança da Igreja Bola de Neve tem ganhado novos desdobramentos judiciais, revelando informações surpreendentes sobre as finanças da instituição. A pastora e cantora gospel Denise Seixas, ex-esposa do fundador Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, conhecido como apóstolo Rina, apresentou acusações contra o conselho administrativo da igreja, alegando fraude e desvio de recursos. Segundo ela, a instituição religiosa possui uma arrecadação anual de centenas de milhões de reais. As informações são do portal Metrópoles.
Após a morte de Rina em novembro, decorrente de um acidente de moto, Denise entrou na Justiça para investigar movimentações financeiras suspeitas. A denúncia, que aponta a existência de empresas de fachada contratadas para prestar serviços à igreja, foi encaminhada ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) e tramita em sigilo.
Faturamento Milionário e Denúncias
A igreja, que conta com cerca de 560 templos espalhados pelo país, pode movimentar até R$ 250 milhões por ano, de acordo com documentos apresentados por Denise. Contudo, o conselho administrativo refutou essa estimativa, afirmando que os valores divulgados não correspondem à realidade financeira da organização.
Os advogados de Denise acusam o atual conselho de realizar transações financeiras questionáveis após assumir o controle da sede. O presidente do conselho, Everton César Ribeiro, e outros membros foram mencionados no processo por supostas irregularidades em contas bancárias ligadas ao falecido apóstolo.
Em nota, divulgada na última quinta-feira (2/1), o conselho reiterou que as acusações de desvio e as informações sobre a arrecadação são infundadas. A instituição reforçou que as operações seguem princípios legais e éticos.
Disputa pelo Controle da Igreja
A batalha judicial intensificou-se com a tentativa do conselho de retirar Denise da sede principal da igreja, localizada na zona oeste de São Paulo. No entanto, uma decisão da Justiça anulou o acordo de divórcio que incluía a renúncia de Denise ao cargo de vice-presidente, alegando que o documento nunca foi homologado.
No dia 12 de dezembro, o juiz Fabio Evangelista, da 45ª Vara Cível de São Paulo, reconheceu que, devido à ausência de homologação do divórcio, Denise mantém o título de vice-presidente. Segundo o estatuto da igreja, a vice-presidência garante a ela o direito de suceder o fundador no comando da instituição.
Embora tenha obtido parcialmente o pedido de manter-se como líder, o juiz declarou-se incompetente para julgar o caso, redistribuindo-o para outra vara com urgência. Mesmo assim, a decisão foi confirmada pela 9ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo no dia 18 de dezembro, anulando definitivamente a renúncia de Denise.
Repercussão e Posicionamentos
Denise declarou, por meio de seus advogados, que há indícios de irregularidades sendo apurados pelo Ministério Público. Por outro lado, o conselho administrativo da Bola de Neve assegurou que a gestão está alinhada com as boas práticas de governança e que permanece à disposição das autoridades para esclarecer quaisquer dúvidas.
O caso continua em andamento e promete novos capítulos, enquanto os fiéis e observadores aguardam o desfecho dessa disputa que envolve questões judiciais, financeiras e de liderança em uma das maiores igrejas evangélicas do Brasil.