Da Redação JM Notícia
Na tarde esta quinta-feira (23) a Câmara Municipal de Palmas realizou a audiência pública com a participação de pais de alunos da Escola de Tempo Integral Anísio Spínola Teixeira, a secretária executiva da Secretaria de Educação, Germana Pires, e o Secretário da Fundação Municipal da Juventude, Nahylton Alen.
Juntos, os vereadores da Comissão de Constituição, Justiça e Redação puderam debater o que aconteceu durante a palestra “E Agora” ministrada na escola no último dia 14, fato que gerou grande polêmica na cidade por conta das denúncias de pais de alunos sobre o conteúdo desta palestra que falou sobre sexo oral, anal e ideologia de gênero para crianças de 11 a 14 anos.
Alen foi o primeiro a falar, apresentando o projeto “E Agora” que este ano já foi ministrado em outras escolas do município. O principal objetivo é alertar crianças dos últimos anos do ensino fundamental sobre os perigos das drogas, do uso excessivo de tecnologia e dos perigos do abuso sexual, da gravidez precoce e das doenças sexualmente transmissíveis.
Germana Pires, por sua vez, trouxe uma série de dados da saúde que mostram adolescentes de 12 a 17 anos de Palmas que estão contaminados com DSTs, que sofrem depressão, que tentam suicídio, entre outros problemas para justificar os temas da palestra que foram apresentados.
Mas para os pais dos alunos, as informações dadas pelos secretários não eram suficientes para resolver a situação. “O que pode ter acontecido ali deve servir para que a gente se preocupe com o que está acontecendo com os nossos filhos”, disse o advogado Augusto Mauro, pai de um dos alunos da ETI. Ele questionou porque os pais não foram avisados e nem convidados para a esta palestra.
César Cruz, pai de uma menina de 12 anos, lamentou que o conteúdo impróprio tenha sida oferecido para sua filha sem sua autorização. “O que fizeram foi um crime. Pela lei, o assunto de sexualidade quem tem que oferecer aos filhos são os pais. Esse assunto é para a família, não para a escola”, declarou o homem bastante inconformado.
Os pais presentes estavam revoltados com a falta de proposta dos envolvidos em resolver o assunto, muitas falas mostravam desconfiança na palavra das crianças, questionaram até mesmo se tinham crianças de 11 anos no auditório. Furiosos, os pais gritaram que haviam sim crianças de 11 anos na palestra.
A fala de maior peso para o debate foi do Raimundo Pires da Silva, sua filha de 14 anos, Shirley, foi a primeira a denunciar o caso e, ao apresentar aos seus pais, o caso foi apresentado na polícia. “Eu estou aqui para acusar, quero encontrar o culpado”, disse Raimundo que teve total apoio dos demais pais presentes que queriam uma solução para o problema, uma vez que as crianças foram expostas a uma verdadeira aula de sexo oral, anal, e ideologia de gênero.
Vereadores da oposição cobram posicionamento da Prefeitura
A audiência pública foi proposta pelo vereador Lúcio Campelo e contou com total apoio dos demais parlamentares que fazem parte da CCJR, inclusive do presidente Diogo Fernandes que foi o mediador dos debates.
O vereador Rogério Freitas questionou a defesa do programa e declarou que juventude não é infância, logo a palestra errou de público alvo. Ele também reclamou dos dados apresentados pela secretária, pois abrange adolescentes de até 17 anos, sendo que nas escolas da prefeitura só há alunos até 14 anos. Sobre a sexóloga que palestrou, Freitas declara que foi um erro chamar “pessoas alheias ao ambiente escolar” e que esses temas poderiam ser trabalhados pela equipe pedagógica da própria escola.
Milton Neris foi enfático: “Criança não perde a pureza, é um adulto criminoso quem tira”. Assim como outros vereadores, ele cobrou o afastamento da diretora da escola e da sexóloga. Neris também pediu para o programa “E Agora” seja reformulado e no próximo ano ele seja apresentado primeiro aos pais para que não haja problemas como este.
O vereador professor Júnior Geo declarou que o programa não deve ser finalizado, mas melhorado, pois essas falhas não podem voltar a acontecer. “Os pais devem ser consultados, o Conselho de Pais deve ser convidado para participar da palestra”.
O presidente da CCJR, Diogo Fernandes, declarou que o caso deve ser analisado pela polícia e Ministério Público, pois não há dúvidas de que o conteúdo da palestra foi criminoso. “Vamos cobrar na Justiça que os culpados sejam punidos”, enfatizou.
O vereador Filipe Fernandes, por sua vez, declarou que é necessário tomar medidas e afastar a diretora da escola e a palestrante, até que essas denúncias sejam finalizadas.
O vereador Filipe Martins cobrou a presença da sexóloga Samia na audiência pública, pois ele tinha vários questionamentos a fazer. “Por que ela levou esses vídeos, camisinhas, gel anal? Eu não entendo, se ela não tinha a intensão de falar sobre esse assunto, ela não tinha que ter levado esse material”, declarou.
Lúcio Campelo cobrou da gestão municipal providências sobre vários problemas apresentados pelos pais, inclusive o caso de um professor que teria beijado uma aluna. “Houve falhas e a gestão também tem que ser punida”.
Léo Barbosa incentivou os pais a processarem o Município. “Colégio não foi feito para doutrinar, foi feito para ensinar português, matemática, geografia, química, física… Não foi feito para ensinar comportamento sexual”, declarou. O vereador pede ainda que a sexóloga seja impedida de voltar a ser contratada para prestar serviços para a prefeitura.
Deputado Eli Borges
O deputado Eli Borges esteve presente na audiência pública e pode falar sobre os pontos da denúncia que lhe trouxeram grande pavor. Entre eles o conteúdo pornográfico e a forma como as crianças foram obrigadas a interagir com a palestrante.
“Fiquei assustado, uma criança obrigada a ir à frente, uma mulher colocando camisinha nos dedos das crianças, falando que não existe sexo definido, ensinando o uso de gel lubrificante e falando que os pais não devem influenciar seus filhos”.
O parlamentar, que foi bem recebido pelos vereadores, parabenizou a Câmara pelo posicionamento de realizar a audiência pública para esclarecer os fatos.
Para Eli Borges, o conteúdo desta palestra mostra que é preciso defender a família e a inocência das crianças de ensinamentos considerados “malignos e satânicos”. “Chame os pais dos alunos e oriente eles, assim eles poderão orientar seus filhos”, completou.
Propostas definidas
O secretário Nahylton revelou que o ETI Anísio Spínola Teixeira foi a última escola do ano a receber o projeto “E Agora” e se comprometeu em modificar o programa para que este tipo de situação não volte a acontecer.
A secretária Germana, esclareceu que a diretora da Escola, Eunice, está afastada do cargo por licença médica, por este motivo ela não estava na ETI no dia da palestra. Porém a secretária que estava responsável pela direção da escola será afastada até a conclusão das investigações.
Entre os pontos que a Secretaria de Educação identificou como erro foi a falta de aviso aos pais, pois nas demais escolas que receberam o programa os responsáveis foram avisados da palestra e de seu conteúdo.
O segundo ponto foi a participação de crianças de 11 anos assistindo a palestra, que era para alunos de 12 a 14 anos. “Eu assisti uma dessas palestras e não foi apresentado nada do que foi relatado aqui”.