“Independência é palavra-chave na CPMI da JBS. Já disse e repito: como presidente da comissão, não vou passar a mão na cabeça de ninguém”, declarou o senador Ataídes Oliveira (PSDB) durante a primeira reunião de trabalho da CPMI, nesta quarta-feira (20).
O senador tocantinense rejeitou o rótulo de “chapa branca” atribuído ao colegiado e garantiu que não vai permitir que a CPMI seja usada como “palco político para defender ou para atacar A ou B”. “Não sou funcionário do Planalto, nem do PSDB. Também não tenho um pingo de vaidade pelo poder. Jamais estaria a serviço do Planalto nesta CPMI”, completou Ataídes, rebatendo críticas de que a comissão seria usada em defesa do presidente Temer, em retaliação ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Linhas de trabalho
Ataídes lembrou que a CPMI da JBS tem linhas de trabalho bem definidas: a investigação dos contratos com o BNDES; a investigação da movimentação do grupo no mercado de ações e no mercado cambial às vésperas do vazamento da gravação com o presidente Temer; o acordo de delação “superpremiada” com os executivos da JBS; as dívidas fiscais e previdenciárias do grupo e a questão do monopólio da empresa no mercado de carnes.
Na reunião desta quarta-feira, foi aprovado o plano de trabalho apresentado pelo relator da CPMI, deputado Carlos Marun. Para viabilizar resultados concretos no prazo da comissão, que é de 120 dias, foram sugeridos, entre outros, o recurso a especialistas externos e o uso de programas de computador para cruzamento de dados.
Nesta quinta-feira (21) serão votados mais de 140 requerimentos de pedidos de informação, convocações e convites para depoimentos, quebras de sigilo bancário e telemático, entre outros. Na lista, estão itens que vão do levantamento detalhado de todas as participações do BNDES-Par na JBS à cópia integral de inquéritos da PF em operações que envolvam a empresa. Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do Grupo J&F, estão entre os primeiros a serem chamados para depor.