Da Redação JM Notícia
A Associação Nacional dos Delegados Judiciária emitiu uma nota condenando a ação policial em Guaraí (TO) que terminou com um delegado alvejado por três tiros ao ser confundido com criminoso.
O delegado Marivan da Silva Souza, da cidade de Colméia, estava em Guaraí no último sábado (28) dirigindo um veículo semelhante ao utilizado por criminosos que assaltaram um carro-forte no dia anterior.
A ação da Polícia Militar que investigava o caso foi condenada pela ADPJ que a considerou “irresponsável” e “criminosa”.
O texto diz que os policiais envolvidos tentavam, amadoramente, cumprir atividades competentes apenas à Polícia Civil, que são os responsáveis pelas investigações criminais.
A nota comenta o bom estado de saúde do delegado que foi alvejado por três tiros que atingiram sua mão, passou de raspão pela cabeça e outro que atingiu a orelha de Marivan.
Na visão da Associação, o intuito dos policiais militares era de matar o condutor do veículo. Toda a ação foi condenada na nota emitida nesta segunda-feira (30).
A nota também comenta entrevista do Comandante da PM no Tocantins, que afirmou que o procedimento dos PMs foi padrão na abordagem ao delegado: “Lamentamos a opinião do Comando da Polícia Militar, visto que revela muito de sua forma de agir e de realizar segurança pública”.
Confira a íntegra da nota:
A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA JUDICIÁRIA – ADPJ, que congrega mais de 10 (dez) mil Delegados de Polícia das Polícias Civis e Federal de todo o país, manifesta seu mais veemente repúdio às ações irresponsáveis, criminosas e hediondas de integrantes da Polícia Militar do Estado do Tocantins, por ocasião da atuação da denominada “P2”, espécie de grupo armado que, a pretexto de realizar atividade de inteligência, tem realizado, de forma amadora e inconsequente, atividades típicas de investigação criminal, usurpando atribuições da Polícia Civil.
O resultado da ação hedionda foi a tentativa de homicídio contra o Excelentíssimo Delegado de Polícia Dr. Marivan da Silva Souza, o qual foi alvejado por tiros de FUZIL que o atingiram na cabeça e no braço, mas que, por obra divina, não lhe ceifaram a vida, como não deixam dúvidas diversos vídeos que comprovam a ação deliberada dos policias militares no sentido de matar quem se encontrava no interior do veículo conduzido pelo Dr. Marivan.
Esse modo de agir da P2 e da Polícia Militar, longo de um erro operacional ou de um equívoco, é a demonstração de que vale tudo para supostamente se combater o crime, inclusive cometer outros crimes, o que está refletido na própria manifestação do Comandante Geral da referida corporação, o qual, em entrevista à imprensa, defendeu a ação criminosa de seus subordinados, alegando se tratar de procedimento operação padrão da instituição.
Lamentamos a opinião do Comando da Polícia Militar, visto que revela muito de sua forma de agir e de realizar segurança pública.
Felizmente a ação célere da Polícia Civil do Tocantins e do Poder Judiciário permitiu a prisão preventiva dos autores da tentativa de homicídio contra o delegado de polícia, o que demonstra que o crime se combate com a devida aplicação da lei e não com execuções sumárias de suspeitos.
Elogiamos o entendimento do magistrado, ressaltando a competência da Polícia Civil e da Justiça Comum para a investigação e o processamento, respectivamente, de crimes dolosos contra a vida de civis.
Por fim, a ADPJ exige das autoridades que tomem providências céleres e drásticas para coibir as ações irregulares da Polícia Militar, que vem se tornando um órgão desprovido de controle, em especial para que seja definitivamente proibida a atuação de “P2” em atividades de investigação criminal.
Brasília, 30 de outubro de 2017.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA JUDICIÁRIA