O lixo hospitalar que estava armazenado em um galpão do distrito agroindustrial de Araguaína terminou de ser retirado nesta terça-feira (20). O recolhimento começou no dia 8 de novembro. A empresa contratada pela prefeitura informou que ainda não terminou de calcular a quantidade de material coletado. A estimativa é de que quase 200 toneladas de sacos com gases, luvas, injeções e outros materiais de hospitais estivessem no local.
O material está sendo enterrado em um aterro sanitário a 28 quilômetros da cidade, após passar por um processo de esterilização.
Enquanto isso, a Polícia Civil começou a ouvir testemunhas na investigação sobre o escândalo do lixo hospitalar. Até o momento, nenhum dos empregados da empresa Sancil Sanantonio se apresentou para prestar depoimento.
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A firma era responsável por coletar lixo de 13 hospitais públicos e estaria amontoando os resíduos no galpão de forma irregular. O local foi ligado a duas empresas do deputado estadual Olyntho Neto (PSDB). Além disso, a firma responsável pela coleta seria do pai dele, o ex-juiz eleitoral João Olinto. O parlamentar negou envolvimento no esquema.
Um relatório feito pelas unidades atendidas pela empresa apontou que as coletas tinham falhas. Além disso, o próprio governo do estado admitiu que a empresa não tinha capacidade técnica para prestar o serviço.
Repercussão na segurança
Uma semana depois do galpão ser descoberto, 12 delegados regionais do Tocantins foram exonerados dos cargos de chefia. Um dos afetados foi o delegado regional de Araguaína, Bruno Boaventura. Ele estava coordenando as investigações sobre o lixo hospitalar. O delegado disse estar sofrendo retaliação por parte do governo.
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Nesta segunda-feira (19), dois inquéritos foram abertos pelo Ministério Público para apurar a exoneração dos delegados regionais da Polícia Civil. Uma das investigações foi aberta pela promotoria de justiça em Palmas e a outra em Gurupi.
Depois disso, durante a tarde, toda a cúpula da Secretaria de Segurança Pública resolveu entregar os cargos. Após sete saídas, o governo determinou que o responsável pela Secretaria de Cidadania e Justiça, Heber Luis Fidelis Fernandes, vai responder interinamente pela SSP.
Investigação
O ex-juiz eleitoral teve a prisão decretada e é considerado foragido. Segundo a Polícia Civil, ele seria dono da empresa Sancil Sanantonio Construtora e Incorporadora LTDA, contratada pelo governo sem licitação para recolher o lixo de 13 hospitais do estado. Duas mulheres que aparecem como sócia da firma também tiveram a prisão decretada.
“Ele tinha a função de coordenar os trabalhos da Sancil por interpostas pessoas. Ele não constava na relação de sócios da empresa, mas ele utilizou de duas funcionárias do escritório de advocacia para o fim de constituir essa empresa”, relatou o delegado Bruno Boaventura.
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o ex-juiz eleitoral impedindo a entrada de fiscais da Prefeitura de Araguaína no galpão no distrito agroindustrial da cidade.
Conforme a Polícia Civil, o lixo encontrado no galpão saiu do Hospital Regional de Araguaína e de outros hospitais estaduais. Após o escândalo, o secretário de Saúde do Tocantins, Renato Jayme, reconheceu que a empresa não tinha capacidade técnica para o trabalho.
O Estado suspendeu o contrato com a Sancil e chamou outra empresa para recolher o lixo dos hospitais em caráter emergencial. Apesar dos danos ambientais e da contratação de uma empresa, pela Prefeitura de Araguaína, para retirar o lixo do galpão irregular, segundo o secretário não houve prejuízos pros cofres públicos.
Com informações G1