Ela começou a carreira carregando um dom que parecia maior que seu corpo frágil. Aos três anos, Bruna Karla já subia em palcos de igrejas em Recife com um vestido costurado pela mãe e uma voz que desafiava sua timidez. Aos 11, lançou Alegria Real, álbum que a projetou como um fenômeno gospel. Mas, décadas depois, aquela menina que orava em melodia enfrentaria um desafio silencioso: o peso — não só o físico, mas o das expectativas de ser ícone em um mundo que cobra perfeição.
A Menina-Prodígio e o Peso Invisível
Bruna cresceu sob holofotes. Enquanto gravava sucessos como Siga em Frente e Vento do Espírito, o corpo dela, assim como sua música, era observado. “As pessoas elogiavam minha voz, mas sussurravam sobre meu peso nos corredores”, confessa, em entrevista emocionante. A pressão era velada, mas constante. Em 2018, após o nascimento do segundo filho, a cantora se viu exausta. “Não conseguia brincar com meus filhos sem faltar ar. Percebi que precisava me cuidar para estar presente na vida deles”, revela.
A Virada: Quando a Fé Encontrou a Autoestima
A decisão de emagrecer não veio de revistas ou comentários nas redes. Veio de um susto: durante um show, suas pernas tremeram, não de emoção, mas de cansaço. Bruna então buscou ajuda. Abandonou dietas radicais e abraçou um processo lento, guiado por nutricionistas e terapias. “Aprendi que comida não era inimiga, mas eu precisava fazer as pazes com meu corpo”, explica. Troca a azeite por óleo, farinha branca por integral, e os intervalos entre shows viraram momentos para caminhadas com os filhos.
O resultado? Perdeu 28 kg, mas ganhou algo maior: autoestima. “Não foi sobre caber em um vestido, mas sobre me reconhecer no espelho”, diz. Nas redes sociais, fãs notaram não só a silhueta, mas o brilho diferente. “Ela parecia mais leve, até na voz!”, comenta uma seguidora.
Palco Renovado, Mesma Essência
Hoje, Bruna sobe aos palcos com vestidos coloridos que dançam com seu movimento, mas sua essência permanece intacta. “Minha fé me sustentou na música e na vida. O emagrecimento foi só mais uma prova de que Deus age até nos detalhes”, reflete. A energia que antes gastava para esconder inseguranças agora se transforma em performances vibrantes. “Antes, cantava com medo de ser julgada. Hoje, canto por gratidão”, afirma.
Legado Além do Espelho
Sua jornada virou farol para mães, artistas e quem luta contra a balança. Em comunidades, mulheres compartilham fotos suas ao lado da capa de Alegria Real, escrevendo: “Se ela conseguiu, eu também posso”. Bruna, porém, rejeita o título de “exemplo”. “Sou apenas uma mulher que errou, recomeçou e descobriu que saúde é sobre amor próprio, não números”, define.
E enquanto ensaia novas músicas em casa, seus filhos a observam. “Eles não veem a ‘Bruna Karla famosa’, veem a mãe que canta enquanto mexe a panela de arroz integral”, ri. Seu maior orgulho? “Saber que, quando eles crescerem, vão lembrar de mim vivendo — não perfeita, mas plena.”
Bruna Karla não virou capa de revista por seu emagrecimento. Preferiu ser capa da própria história: uma menina de Recife que, entre louvores e lutas, aprendeu que a verdadeira leveza vem de dentro.