INTRODUÇÃO
I – OS INIMIGOS DA GRAÇA
II – A VITÓRIA DA GRAÇA
III – OS FRUTOS DA GRAÇA
CONCLUSÃO
Livres do Pecado
” “Bem”, alguém poderia dizer, “se a graça foi mais abundante do que o pecado, por que não continuarmos pecando para dar à graça divina a oportunidade de se tornar abundante ao máximo?”
Esta não é uma objeção inteiramente hipotética pois, de fato, sempre tem havido gente que insiste em que este é o corolário do ensino de Paulo sobre a justificação pela fé. E desafortunadamente, em cada geração, gente que se apresenta como justificada pela fé age de molde a emprestar colorido àquela crítica. A obra “Private Memoris and Confessions of a Justified Sinner (1824), de James Hogg, dá-nos um notável exemplo literário desse antinomismo deliberado. Um notável exemplo histórico pode-se ver no monge russo Rasputin, o gênio mau da família Romanov em seus últimos anos de poder. Rasputin ensinava e exemplificava a doutrina da salvação mediante repetidas experiências de pecado e arrependimento. Sustentava que, como os que pecam mais requerem mais perdão, o pecador que continua a pecar despreocupadamente desfruta, cada vez que se arrepende, maior porção da graça perdoadora do que qualquer pecador comum. Os fichários de muitos curas da alma revelariam que este ponto de vista é mais comum do que geralmente se percebe, mesmo quando não é expresso e praticado tão ruidosamente como o fazia Rasputin.
Alguns dos convertidos por meio de Paulo deram-lhe muito motivo para preocupação precisamente sobre este ponto. Já era bastante ruim ver os seus oponentes teológicos fazendo falsa representação do seu Evangelho como sendo equivalente a “Pratiquemos inales para que venham bens” (3:8). A coisa era pior ainda quando os seus conversos se punham a agir como se o Evangelho lhes desse licença para fazerem o que bem entendessem.[…]“”.
Matthew Henry comentando o capítulo 6 de Romanos diz os seguinte: “Há poder em nós na aliança de graça. O pecado não terá o domínio. As promessas de Deus para nós são mais poderosas e eficazes para mortificar o pecado que nossas promessas a Deus. O pecado pode lutar em um crente real e criá-lhe uma grande quantidade de transtornos, mas não o dominará; pode que o angustie, mas não o dominará. Alguém se aproveita desta doutrina estimulante para permitir-se a prática de qualquer pecado? longe estejam estes pensamentos tão abomináveis, tão contrários às perfeições de Deus, e ao desígnio de seu Evangelho, tão opostos ao ser submetido à graça. Que motivo mais forte contra o pecado que o amor de Cristo? Pecaremos contra tanta bondade e contra uma graça semelhante?”
O obstáculo à mensagem da Graça de Deus
Um dos maiores obstáculos sobre o ensino do apóstolo Paulo quanto à maravilhosa graça de Deus é a confusão feita com o Antinomismo. O prezado professor já deve ter se interado das implicações imorais que o Antinomismo traz às vidas das pessoas. A ideia do Antinomismo é promover a extinção de quaisquer espécies de preceitos morais em forma de lei a ser seguida. De modo que se qualquer cristão exigir o mínimo de um comportamento moral do outro, logo ele será denominado moralista, no sentido mais pejorativo do termo.
É claro que o apóstolo Paulo não estava ensinando no capítulo 6 a extinção de quaisquer aspectos de ordem moral. Quem criou essa confusão foram os intérpretes de Paulo, mais vinculados as doutrinas do Gnosticismo, ao ponto de defenderem a estapafúrdia ideia de que quanto mais o crente pecar mais a graça o alcançará, uma interpretação transloucada de Romanos 5.20b: Mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça.
A analogia entre Adão e Cristo
Ora, qualquer estudante sério das Escrituras sabe que o versículo acima é a culminação da analogia de que o apóstolo faz entre Cristo e Adão (de acordo com o que estudamos na lição 4. Bem como explicou o erudito John Murray, a entrada e a universalidade totalitária do pecado neste mundo, bem como o juízo e a morte, estão ambos vinculados à pessoa de Adão (onde o pecado superabundou). Entretanto, a entrada da justiça divina, o predomínio da graça, da justificação, retidão e da verdadeira vida estão ligadas a Jesus Cristo (onde superabundou a graça). Neste aspecto, o apóstolo quer mostrar que a história da humanidade gira em torno desses dois eixos, Adão e Jesus.
A doutrina da maravilhosa graça de Deus nos mostrará que o homem dominado pelo pecado só pode ser livre desse domínio pela graça divina. Neste sentido, ela é libertadora, pois livra o ser humano do senhorio do mal; ela é vida, pois destrói o reinado da morte ela é eterna, pois faz o ser humano levantar-se da morte para a vida plena. O ser humano nascido de novo tem gerado dentro dele uma nova consciência que, mesmo quem não conheceu a Lei de Moisés, manifesta a ética e o comportamento baseado no Amor de Deus de maneira consciente e sincera (Gl 5.22-24). Ou seja, o Espírito Santo é quem convenceu este ser humano do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11). Por isso, a graça é maravilhosa.
Fontes:
Subsídio escrito pela Equipe de Educação da CPAD – (Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 17 – nº 66 – abr/mai/jun de 2016.)
BRUCE, F.F. ROMANOS: Introdução e Comentário. 1ª Edição. Brasil: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1979.