O ano de 2020 sem dúvida ficará marcado pela pandemia do novo coronavírus, mas também por eleições municipais em um dos contextos políticos mais conturbados do Brasil em sua história, onde pré-candidatos como Marisa Lobo, Fernando Borja e Sérgio Harfouche devem se destacar.
Cristãos com grande protagonismo no meio evangélico, os três nomes exemplificam um cenário que revelou uma tendência de âmbito nacional anos atrás, iniciada em 2014, mas que deve ganhar mais força em 2020: à ascensão de políticos de direita, conservadores e de fé cristã.
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Marisa Lobo, a “psicóloga cristã”
A psicóloga Marisa Lobo é presidente do partido Avante em Curitiba, no Paraná, onde é pré-candidata à prefeitura da região pela sigla. Conhecida nacionalmente por sua luta contra o ativismo LGBT, especificamente contra a ideologia de gênero na educação e o direito dos ex-gays, ela é uma inimiga histórica da esquerda.
Marisa é autora do livro “A Ideologia de Gênero na Educação”, obra pela qual despertou a ira da militância LGBT dentro e fora do Conselho Federal de Psicologia. Pró-vida, contrária ao aborto e à legalização das drogas, a psicóloga também foi criticada diversas vezes por, supostamente, associar a sua profissão à fé cristã, o que ela sempre negou.
Conhecida também por palestrar sobre depressão e prevenção ao suicídio, especialmente nas igrejas cristãs em todo o Brasil, Marisa foi, entre 2012 e 2013, uma das principais vozes, junto com os deputados Jair Bolsonaro e Marco Feliciano, contra o chamado “kit gay”, o que originou uma série de ataques da militância de esquerda contra o seu nome.
A psicóloga também já foi convidada para palestrar nos Estados Unidos e teve a oportunidade de participar de um evento no Consulado Brasileiro em Miami, em 2019, onde representou o Brasil junto com à Associação de Pastores Evangélicos na América (APEB) para falar da cultura cristã brasileira no país, além de questões como imigração e melhoria da qualidade de vida.
Entre os pré-candidatos em Curitiba, Marisa pode se destacar pelo histórico apoio ao atual presidente Jair Bolsonaro, o apoio das igrejas e sua luta em defesa de valores conservadores, que também é antiga e não uma adaptação para “surfar” na onda política do momento.
Sérgio Harfouche – Campo Grande, MS
O procurador Sérgio Harfouche é pré-candidato à prefeitura de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Ele ficou nacionalmente conhecido por um Projeto de Lei que leva o seu nome, aprovado pela Assembleia Legislativa da região em 2018, o qual prevê a punição dos pais dos alunos que cometem atos de vandalismo e outros nas escolas.
O Projeto de Lei nº 813/17, mais conhecida como “Lei Harfouche”, institui atividades com fins educativos denominadas Prática de Ação Educacional (PAE) e Manutenção Ambiental Escolar (MAE) a serem executadas pelas instituições de ensino educacionais.
“Segundo a proposta, a aplicação dessas atividades deverá ocorrer mediante a prática de preservação ambiental, a reparação de danos ou a realização de atividade extracurricular, através de registro da ocorrência escolar com lavratura de termo de compromisso, constando a presença e a anuência dos pais ou responsável legal”, informou o Tudo Rondônia na época.
Além de defender uma proposta disciplinar de sucesso para alunos problemáticos nas escolas, Harfouche também é pastor evangélico e um crítico feroz da ideologia de gênero.
Ele virou notícia nacional em maio de 2017, quando durante um evento do Ministério Público chegou a falar de Deus e fazer uma oração, o que despertou a ira da esquerda na sua região, veja aqui.
Harfouche já pediu o afastamento das suas funções no Ministério Público de Mato Grosso do Sul para disputar a prefeitura de Campo Grande pelo Avante e também é um apoiador do presidente Jair Bolsonaro.
Fernando Borja – Belo Horizonte
O pastor Fernando Borja também é pré-candidato à prefeitura, mas de Belo Horizonte, que atualmente se encontra nas mãos de Alexandre Kalil (PSD), prefeito alvo de polêmica e muitas críticas pela forma como vem conduzindo a pandemia na região.
Kalil assumiu recentemente, por exemplo, que foi um erro ter ordenado a abertura de 1.900 covas em cemitérios, prevendo um grande número de mortos pelo coronavírus, o que não aconteceu em seu estado. Ao tentar se explicar, a sua resposta causou revolta.
“Houve um pregão, a firma apresentou o menor preço, nós abrimos, estão abertas. Cova aberta não estraga, não dá defeito, não apodrece. Vamos chegar a 1.900 mil mortes um dia em Belo Horizonte”, declarou Kalil, veja aqui.
Pastor da Igreja Batista da Lagoinha desde 2000, uma das mais conhecidas do Brasil, contrário à ideologia de gênero e doutrinação nas salas de aula, Borja também possui experiência no mundo político e vê na chance de assumir a prefeitura de Belo Horizonte uma oportunidade para elevar o pensamento conservador na região.
“Só do meu nome começar a aparecer em algumas dessas listas de pesquisa, já tenho hoje vários líderes evangélicos me procurando. Antigamente eu procurava, agora eles é que estão me procurando. Eles querem ter uma pessoa conservadora em Belo Horizonte”, afirmou Borja, segundo O Tempo.
Além de teólogo, Borja também é formado em Administração e Direito e já desenvolveu projetos humanitário nas Filipinas, Bolívia, Moçambique, Vietnã, Angola e Libéria. A sua defesa do pensamento conservador, o forte apoio evangélico e a identificação com o presidente Jair Bolsonaro lhe destacam entre os demais pré-candidatos em BH.
Um retrato nacional
Finalmente, Marisa Lobo, Sérgio Harfouche e Fernando Borja desenham para nós o que deverá ser o retrato nacional nas próximas eleições, onde políticos conservadores e ligados à fé cristã deverão se destacar, confirmando a tendência da “onda conservadora” iniciada no país anos atrás.
Todos os três têm em comum o conservadorismo, a longa militância em defesa dos valores cristãos e a experiência. O fato de serem pré-candidatos pelo partido Avante também é um indicativo que a sigla está apostando suas fichas nesses perfis, o que poderá ser um grande acerto.
(Com Opinião Crítica)