No final de janeiro, ocorreu a morte de pelo menos 75 pessoas pelas mãos de militantes islâmicos no conturbado Norte de Burkina Faso. Um ataque no sábado, 25 de janeiro, na província de Soum, tirou a vida de 39 pessoas, enquanto um ataque na segunda, 20 de janeiro, deixou 36 mortos em duas vilas na província de Sanmatenga. O ataque em Soum ocorreu na vila de Sildadji. Segundo notícias, as informações sobre o último ataque foram difíceis de obter porque os jihadistas desconectaram a rede de telefonia local antes do massacre próximo à conturbada fronteira do país com Mali.
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Testemunhas disseram ao site de notícias Lefaso.net que quatro homens chegaram em motocicletas. Eles estocaram comida e água e partiram. Um tempo depois voltaram e disseram aos moradores que eles não haviam seguido as instruções que os terroristas passaram. Uma testemunha anônima disse que “eles mandaram que os homens não usassem mais calças que cobrissem todo o pé. Deviam vestir calças curtas e deixar a barba crescer. Para as mulheres, exigiram que usassem o véu. Eles alertaram que voltariam e quem não cumprisse, não teriam acesso ao mercado e enfrentaria retaliações”.
Cerca de 100 terroristas chegaram à cidade. “Uma vez na vila, se espalharam nas vizinhanças e deixaram parte do comboio no mercado. A equipe que foi para as vizinhanças levou todos os moradores ao mercado. No local, os moradores foram divididos em dois grupos e obrigados a se sentar. Homens de um lado e mulheres do outro”, conta a testemunha. “Após algumas perguntas para os homens, eles disseram abertamente que iriam executá-los porque os homens não obedeceram às ordens. Mandaram que deitassem com o rosto no chão antes de atirar neles. Os que tentaram escapar também foram mortos”, diz um sobrevivente.
De acordo com outras fontes, os atiradores disseram ainda que procuravam principalmente moradores de certas vizinhanças e suspeitos de cooperarem com as forças de segurança do governo. As forças de segurança tinham visitado a vila e recuperado armas e munição. Os enviados do governo disseram às pessoas que iriam protegê-las, mas partiram sem avisar, disse uma testemunha. Alguns moradores acusaram as forças de segurança de não agirem após serem alertados de que os terroristas voltariam para a região.
O ataque fez com que as pessoas fugissem para Bouranga e Nafo. Isso aconteceu menos de uma semana depois dos militantes atacarem duas vilas nas redondezas da província de Sanmatenga. Na segunda, 20 de janeiro, militantes mataram 32 pessoas no mercado na vila de Nagraogo, antes de matar outras quatro pessoas nas proximidades de Alamou. Com isso, centenas de pessoas fugiram da cidade de Kaya, em Sanmatenga, de acordo com moradores que falaram com a agência de notícias AFP.
O presidente anunciou dois dias de luto após os últimos ataques em Sanmatenga e pediu a “sincera colaboração” das pessoas com as forças de segurança. Na terça-feira, 21 de janeiro, o parlamento, por unanimidade, aprovou uma lei que permite o recrutamento de voluntários locais na luta contra os jihadistas. A ONU afirma que cerca de 4 mil pessoas foram mortas na região do Sahel em 2019.