Da redação
Ele ainda se lembra, quase com a mesma dor e angústia, do que aconteceu na manhã de 16 de agosto de 2017. “Saí de casa para ir trabalhar naquela manhã, como de costume. Nunca passou pela minha cabeça que acabaria aprisionado, processado e expulso da minha comunidade ”.
Assim que chegou ao ponto de ônibus para pegar sua carona para o trabalho, ele viu uma multidão vindo em sua direção. “Eu pude ver homens, mulheres, crianças e pessoas das autoridades locais andando na minha direção muito rápido”, disse Manuel ao Open Doors Mexico. “Eles me cercaram e seguraram meus braços, dizendo que iam me levar para a cadeia local. Eu comecei a ir embora, mas eles me seguiram. Eles me impediram de ir trabalhar naquele dia ”, acrescentou.
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Manuel foi levado para a prisão e ficou lá por três dias. Durante esse tempo, outros cristãos da mesma igreja evangélica a que ele pertence também foram enviados para a mesma prisão. “Os guardas da prisão nos trataram muito mal”, disse ele à OD. Eles não permitiram que ninguém nos trouxesse comida ou roupas. Nós oramos o tempo todo por nossas famílias e pela proteção da igreja ”.
No terceiro dia de sua prisão, Manuel foi libertado, mas foi levado apenas para a praça principal para ser confrontado pelos moradores locais. Todos exigiam sua expulsão de sua comunidade, junto com sua família e outras cinco famílias cristãs.
“Eles despejaram todos nós por professar nossa fé. Ter uma fé diferente e não pagar as taxas exigidas pelas autoridades locais para as tradicionais festividades pagãs era motivo suficiente para nos expulsarem de nossa própria comunidade ”, disse ele.
Foram-lhes dadas apenas algumas horas para recolher os seus pertences e no início da noite do mesmo dia estavam a caminho de Comitan de Dominguez, a cidade mais antiga do estado de Chiapas, com uma população de 142 mil habitantes.
Apesar disso, Manuel e sua família retomaram suas vidas, seu trabalho, com a mesma força e fé de antes do ocorrido. “Fomos recebidos por irmãos de fé e encorajados a continuar firmes, apesar da tempestade. Sentíamos que existiam pessoas orando por nós e outros cristãos perseguidos pelo mundo e isso nos fortaleceu”, conta.
Eles ainda esperam por uma solução e que possam voltar à sua casa, comunidade e povo, que tiveram de abandonar a tantos anos. “Não saímos porque quisemos, fomos obrigados. Mas oramos todos os dias para que possamos regressar e viver em paz com nossa família e nossa fé em Jesus”, sonha Manuel.
O México é o 39º país da Lista Mundial da Perseguição, que classifica os 50 países mais violentos e hostis ao cristianismo. O país mergulha em uma onda de perseguição, cujo principal motivo é o antagonismo tribal. Líderes de tribos e a própria comunidade, hostilizam e expulsam seus membros que se converteram a Jesus.
A Portas Abertas mantém um trabalho conjunto com parceiros e igrejas locais para atender, apoiar e treinar cristãos mexicanos para que estejam preparados e respondam à perseguição em amor. Um trabalho jurídico também é realizado entre a organização e as autoridades do país, para que os cristãos tenham seus direitos preservados.
A história por detrás da foto
Esta foto foi registrada em junho de 2018, quando a Portas Abertas visitou um grupo de cristãos em Chiapas, que havia acabado de ser expulso da comunidade Yatzil 3 Lagunas – a mesma que Manuel e a família fora expulsa. Na ocasião, foram expulsas 30 pessoas que estavam vivendo em uma casa alugada e com recursos financeiros limitados, necessitando encontrar um novo lugar. A Portas Abertas ajudou-os com assistência jurídica, com treinamento de empreendedorismo e ajuda sócio-econômica. Também, na ocasião, foi ministrado o treinamento Permanecendo Firme Através da Tempestade, que os encoraja a ficar firmes na fé em Jesus, apesar da perseguição.