Da redação
O pastor e professor Fernando Lúcio Pissara, assassinado no domingo (23) na porta da igreja na Serra e sepultado nesta segunda-feira (24), fez uma série de denúncias contra a igreja Assembleia de Deus em 2012.
Na época, Pissarra comandava uma congregação localizada no bairro São Marcos, também na Serra. Fernando denunciou que a congregação do município acumulava várias dívidas junto a diversos fornecedores, e que recursos do dízimo doado por fiéis estavam sendo depositados nas contas particulares de pastores da igreja.
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil não informou se já existe uma motivação sendo investigada para o assassinato do pastor. Familiares dizem que o pastor não estava recebendo ameaças recentemente e que não sabem o porquê tiraram a vida do pastor.
Em 2012, Pissarra disse ao site Gazeta ter descoberto as supostas irregularidades quando alugou um espaço na sede da igreja. Lá, funcionava uma Organização Não Governamental (ONG) que ele criou e que oferecia cursos para crianças em risco social. Foi nesse período que teria percebido a presença constante de fornecedores cobrando dívidas. “O fato chamou minha atenção e comecei a investigar. Foi quando levaram o caixa da igreja para a casa do tesoureiro“, disse Fernando Pissarra em 2012.
Segundo as denúncias feitas por Pissarra, ocorreram vendas de imóveis e de carros de terceiros envolvendo o nome da igreja. Ele também acusou a instituição de irregularidades que iam da falta de habite-se para o funcionamento do tempo central até condições higiênicas inadequadas, como a presença de animais mortos na caixa de água que alimentava os bebedouros da igreja.
Ameaças
À época, Pissarra diz ter sido ameaçado de morte por um representante da Assembleia de Deus da região, e que havia formalizado as ameaças aos órgãos de investigação.
Fernando Pissarra contou ainda que, por conta das denúncias que fez, acabou sendo excluído da igreja. Ele apresentou um recurso, pedindo o cancelamento do ato à Convenção das Assembleias de Deus no Estado (Cadeeso). ACEC PISSARRA Por conta das brigas ocorridas na Assembleia de Deus, a ONG Associação Cultural e Educacional Cristã Pissarra (Acec Pissarra) acabou sendo fechada naquele ano. A entidade atendia mais de 122 crianças, oferecendo cursos de violão, informática, canto, música e reforço escolar. Os trabalhos eram oferecidos em um salão anexo à igreja, alugado pela organização não governamental. Mas as atividades foram suspensas depois que ela teve seu contrato de aluguel com a igreja cancelado, com o argumento de que o acordo havia vencido.
Morto quando iria ao culto
Fernando Lúcio Pissarra, de 58 anos, foi assassinado neste domingo (23) enquanto se preparava para um culto no bairro São Judas Tadeu, na Serra, no fim da tarde. Para a família, o crime foi uma grande covardia e a motivação continua sendo um mistério. Além de pastor, Fernando Lúcio também era professor. Ele tinha uma igreja que ele mesmo fundou no bairro — da congregação Assembleia de Deus — há dez anos. Por volta das 18h, ele abriu a igreja, ligou todas as luzes e o som, preparando o templo para o culto de domingo, e saiu da igreja para ir em casa vestir um paletó.
A igreja ficava praticamente em frente à casa onde Fernando morava, na Rua Santos Pinto, conhecido como Beco dos Pissarras. Ele deu quatro passos e, quando parou bem próximo ao portão, foi abordado por um criminoso que deu dois tiros na vítima.
(Com Gazeta)