Da redação
Subiu para 16 o número de cidades em situação de emergência no Maranhão. Boa Vista do Gurupi e Santa Helena são os municípios com maior número de desabrigados e desalojados por causa da cheia dos rios em virtude das constantes chuvas ocorridas no estado.
A cidade de Santa Helena, a 115 km de São Luís, é uma das mais atingidas até o momento e parte da população está se locomovendo de barco por conta do nível do Rio Turiaçu que continua subindo e provocando estragos. No local, mais de 1.700 famílias estão desabrigadas ou desalojadas, segundo a Defesa Civil.
Todas as escolas do município estão servindo de abrigos e já estão cheias. Nos abrigos, as pessoas estão vivendo de maneira improvisada há mais de duas semanas em salas de aula.
Como é caso da pescadora Elizangela Barbosa que, junto com a sua família, espera o nível da água diminuir para retornar à sua casa. “Nós somos cinco e é esperar a água baixar para gente poder ir para casa”.
O mototaxista Raimundo Guedes afirma que só consegue chegar até a casa dele para vigiar o que sobrou por meio de canoa. A família do mototaxista foi para um abrigo assim como todos os seus vizinhos. Ele conta que onde ele mora não há mais nenhum habitante por conta do grande volume de água. “Não tem mais ninguém nas casas. Está tudo vazia”.
O Rio Gurupi, que fica na divisa entre o Maranhão e o Pará, já subiu mais de 10 metros. Segundo o coordenador da Defesa Civil em Santa Helena, Jocemilson Teixeira, há 45 anos a cidade não registrava uma enchente tão grande. “Nós tivemos uma enchente aqui que causou muito prejuízo em 2009. Porém, essa enchente já superou a questão de 2009 e ela consegue agora se associar a uma que tivemos em 1974 que causou muito prejuízo”, revelou.
Em Boa Vista do Gurupi, a 236 km da capital, cerca de duas mil pessoas tiveram que deixar as suas casas e agora estão alojadas em residências de parentes ou abrigos. Em alguns bairros, o aumento da água da chuva obrigou os moradores a deixar as suas casas porque elas estão cobertas pela água.
A secretária Municipal de Meio Ambiente de Boa Vista do Gurupi, Maria Lúcia Leal, afirma que ainda não há previsão para os moradores voltarem para as suas casas. “Não. Ainda não e isso que torna difícil porque têm muitas famílias que resistem de sua casa, mas não tem outro jeito”.
O pescador Antenor do Carmo estacionou o barco na frente da casa dele e é onde ele tem passado as noites porque a casa está alagada. “Eu estou dormindo dentro do barco e de vez em quando a gente sai aqui e vai pegar um peixinho por ali. Fico passando a noite assim acordado”.
O centro comercial de Boa Vista do Gurupi está fechado e agências bancárias, casas lotéricas não estão funcionando. Três mil alunos estão sem aula. O Mercado Central está alagado e sem poder trabalhar restou para a comerciante Ivete Silva pescar com a família no meio da rua. “Eu estou sem trabalhar e enquanto isso tenho que pescar”.
O nível da água desceu cerca de 10 centímetros no fim de semana no município, mas voltou a chover forte na região e a preocupação só aumenta.
Dados parciais em lista de cidades que decretaram situação de emergência no MA:
- Santa Helena: 284 famílias desalojadas, 53 desabrigadas. Total de afetados – 33.492
- Boa Vista do Gurupi: 130 famílias desalojadas, 60 desabrigadas. Total de afetados – 3.252
- Alto Alegre do Pindaré: 348 famílias desalojadas, 77 desabrigadas. Total de afetados – 729
- Santo Amaro: 20 famílias desalojadas, 40 desabrigadas
- Itaipava do Grajaú: Total de afetados – 15.897
- Barão de Grajaú: Total de afetados – 17.841
- Nina Rodrigues: Total de afetados – 14.264
- Sítio Novo: Total de afetados – 18.001
- Icatu: Total de afetados – 26.953
- Paço do Lumiar: Total de afetados – 210
- São José de Ribamar: Total de afetados – 168
- Araioses: Dados em fase de consolidação
- Formosa da Serra Negra: Dados em fase de consolidação
- Imperatriz: 800 desabrigados