O Governo do Tocantins emitiu nota à imprensa, sobre a exoneração de delegados que aconteceu nesta sexta-feira (16), que culminou com exoneração do delegado Bruno Boaventura, responsável pela Operação Expurgo, que trata do maior escândalo de lixo hospitalar do Estado do Tocantins que foi encontrado armazenado de forma irregular em um galpão no Distrito Agroindustrial de Araguaína (Daiara).
Segundo a nota, o Governo do Tocantins está “realizando medidas para redução de despesas visando o equilíbrio das contas públicas, o enquadramento do Estado na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a ascensão para avaliação B, da Secretaria do Tesouro Nacional”.
Sobre a exoneração do delegado regional, o Governo afirmou que foi uma “decisão administrativa de desligamento dos delegados de polícia de cargos em comissão, também de natureza administrativa, em nada altera a rotina dos mesmos em seus trabalhos de investigação, pois todos prosseguem exercendo integralmente suas atividades, sem qualquer interferência de cunho político que possa atrapalhar ou direcionar o resultado dos trabalhos”.
Delegado rebate Governo
Nas redes sociais, o delegado Bruno Boaventura rebateu o Governo do Estado, e afirmou que as despesas que o Governo lhe paga em função do cargo é de apenas R$ 800,00 reais mensais:
Sobre o argumento do governo consistente no “enxugamento da máquina”, para justificar minha exoneração, digo o seguinte:
1. Para exercer a chefia da polícia em mais de 15 cidades, com uma população acima de 300 mil habitantes, o Estado me “gratifica” com R$ 800,00 (oitocentos reais) mensais, uma linha telefônica e uma viatura.
2. Os referidos oitocentos reais utilizo quase todo mês para custear pequenos reparos em nossas unidades, pois não possuímos verba específica para tanto. (Posso comprovar com notas fiscais).
3. A linha telefônica fiz questão de repassar, no primeiro dia de minha gestão, a um policial que serve a toda regional de Araguaína, para que o mesmo pudesse se comunicar de forma mais rápida com os colegas, resolvendo os problemas.
4. A viatura colocada à minha disposição é utilizada por todas as delegacias da Regional sendo que cumpro as obrigações funcionais do meu cargo (visita a outros órgãos, p.ex), em carro particular.
Pois bem, essa será a “economia” do Tesouro Estadual com a minha saída: R$ 800,00
Sindepol repudia
Em nota enviada à imprensa, o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Tocantins (Sindepol/TO), Mozart Felix, repudiou a exoneração do delegado Bruno Boaventura “que, por vontade do governo do Tocantins, não continuará a exercer suas funções.
Bruno Boaventura exerceu o cargo de Delegado Regional, tendo prestado um excelente serviço à população de Araguaína e demais cidades que compõe a regional. A chegada de Bruno Boaventura e de outros 12 delegados em meados de 2017, somando forças aos que lá já estavam, revolucionou a segurança pública da região”, informou o presidente do Sindepol.
O presidente do Sindicato afirmou que a exoneração de Bruno Boaventura é algo que “nos causa profundo espanto e preocupação com o futuro do Tocantins. Apesar de não estarem publicadas as razões do ato, sabemos que certamente não teriam ligação com os excelentes serviços prestados no cargo ou com o alto grau de satisfação da população de Araguaína com os resultados obtidos. Assim, só nos resta deduzir que se trata de um ato de perseguição política face às investigações que vem sendo desencadeadas e isso não
iremos permitir”.
Nota à imprensa
O Governo do Estado do Tocantins informa que prossegue realizando medidas para redução de despesas visando o equilíbrio das contas públicas, o enquadramento do Estado na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a ascensão para avaliação B, da Secretaria do Tesouro Nacional.
Para isso, foram implementadas medidas como a redução de gastos com diárias, combustível, energia elétrica e passagens, além de outras despesas desta natureza.
Desde o início da gestão, uma prioridade vem sendo a redução de gasto com pessoal, já tendo obtido, em pouco tempo, uma redução de mais de 3% somente no segundo quadrimestre do ano.
A partir dessa sexta-feira, 16, o Governo do Estado dá início a mais uma etapa do cumprimento destas medidas, visando a redução de gastos. E de acordo com às determinações da LRF, passa a publicar a diminuição do número de servidores ocupantes de cargos em comissão, funções comissionadas e contratos temporários, sem prejuízo às atividades desenvolvidas de atendimento à população.
Sobre a decisão administrativa de desligamento dos delegados de polícia de cargos em comissão, também de natureza administrativa, em nada altera a rotina dos mesmos em seus trabalhos de investigação, pois todos prosseguem exercendo integralmente suas atividades, sem qualquer interferência de cunho político que possa atrapalhar ou direcionar o resultado dos trabalhos. O Governo do Estado refuta qualquer tentativa de desvirtuamento do foco de suas medidas, que visam unicamente a redução de despesas e equilíbro das contas públicas.
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