Da Redação JM Notícia
O diretor presidente da Aliança Nacional LGBTI Tocantins, Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI Tocantins – RENOSP LGBTI, emitiu nota de repúdio em desfavor do vereador evangélico Filipe Martins (PSC) por conta de um projeto de lei de sua autoria aprovado pela Câmara de Palmas e sancionada pela Prefeita Cinthia Ribeiro que muda o nome do CMEI Arco-Íris para CMEI Romilda Budke Guarda.
O pedido da mudança de nome se dá pela ligação feita entre o arco-íris e o movimento LGBT. Na visão do vereador de Palmas, “como eles [LBGTI] usam o arco íris em tudo, achei que o nome da escola fazia apologia a homossexualidade”.
Ao JM Notícia Filipe Martins declarou que vê a nota de repúdio preparada pelo grupo como um “direito”, assim como toda a manifestação em torno desse assunto.
Mas como defensor dos valores da família, ele se sente no dever de honrar seu segmento na Casa de Leis através de projetos que estejam de acordo com a visão do grupo que ele representa, no caso, os evangélicos.
“Nós respeitamos [os homossexuais], mas não concordamos [com a prática]”, declarou o vereador. “O que eu posso fazer eu estou fazendo para defender a Igreja”, completou.
Filipe Martins lembrou ainda que seu projeto de lei passou por todas as etapas, desde as comissões internas, até chegar nas mãos da prefeita Cinthia Ribeiro que sancionou o projeto e o tornou lei. Logo, não foi uma decisão apenas dele. “Estou fazendo a coisa certa”, concluiu.
MOÇÃO DE REPÚDIO
Quando o ódio supera o amor, deixamos de lado até as nossas convicções!
“Estabeleço uma ALIANÇA com vocês: Nunca mais será ceifada nenhuma forma de vida pelas águas de um dilúvio; nunca mais haverá dilúvio para destruir a terra”.
E Deus prosseguiu: “Este é o sinal da aliança que estou fazendo entre mim e vocês e com todos os seres vivos que estão com vocês, para todas as gerações futuras: o meu ARCO que coloquei nas nuvens. Será o sinal da minha aliança com a terra.
Quando eu trouxer nuvens sobre a terra e nelas aparecer o ARCO-ÍRIS, então me lembrarei da minha ALIANÇA com vocês e com os seres vivos de todas as espécies. Nunca mais as águas se tornarão um dilúvio para destruir toda forma de vida.
Toda vez que o ARCO-ÍRIS estiver nas nuvens, olharei para ele e me lembrarei da ALIANÇA eterna entre Deus e todos os seres vivos de todas as espécies que vivem na terra”.
Concluindo, disse Deus a Noé: “Esse é o sinal da ALIANÇA que estabeleci entre mim e toda forma de vida que há sobre a terra”.”
Gênesis 9:11-17
A Aliança Nacional LGBTI – entidade de abrangência internacional composta por inúmeras instituições que prezam pelos direitos individuais -, juntamente com os demais coletivos abaixo assinados, vem a público manifestar o seu repúdio à mudança do nome do Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei), localizado na quadra 1006 Sul, onde no projeto original, a escola receberia o nome de “ARCO-ÍRIS”, mas o vereador do Partido Social Cristão – PSC, Felipe Martins, interviu pedindo para que a atual gestão municipal substituísse por Romilda Budke Guarda, decisão esta que já foi publicada no Diário Oficial de segunda-feira, 9 – Lei nº 2.399, de 9 de julho de 2018.
A alegação fajuta por parte do parlamentar clareia ainda mais a perseguição dos conservadores e fundamentalistas religiosos, para o fomento do ódio, intolerância e violação de direitos humanos da comunidade LGBTI e daqueles que apoiam a nossa luta política por justiça social. Muito nos surpreende que a gestão municipal não tenha vetado este projeto de Lei.
Repudiamos a manobra tendenciosa de associar nossa comunidade e pessoas que nos representam publicamente à apologia de uma doença, como foi sugerida. Esta estratégia tão somente visa à incitação do preconceito contra nossa comunidade, mas também ofusca um símbolo que não é próprio dos movimentos LGBTI, mas como também dito, símbolo cristão. Símbolo este, que somente o vereador visualizou como sendo uma apologia à homossexualidade uma vez que nem mesmo a sociedade o vê como tal.
Em uma das Câmaras mais caras do País aos seus eleitores, nos admira que alguns parlamentares ainda não se detenham às suas funções precípuas. Para nós não custa lembrar quais sejam tais funções como: fiscalizar e cobrar ações do governo, verificar se os recursos do município estão sendo devidamente aplicados pela prefeitura para a promoção do bem-estar da população, elaborar projetos de leis municipais para serem aprovadas na Assembleia Legislativa, solicitar a (o) prefeita (o) informações sobre a administração da cidade, sempre que julgar necessário e dialogar com a comunidade e representar os anseios do povo na Câmara. Infelizmente nesta legislatura tem sido deixada de lado a função primordial do legislativo para atendimento de interesses próprios e demonstrando a cada dia a homofobia institucionalizada nas instituições públicas, causando grandes problemas sociais.
Sob argumentos que desconsideram a realidade e a história dos movimentos LGBTI’s, o vereador decide ser cúmplice das históricas agressões físicas e morais contra a comunidade LGBTI no Brasil e no mundo, em especial no nosso município. Pela imposição de sua estreita visão ideológica, impede ainda o debate sobre as políticas públicas da qual este segmento da população palmense tanto necessita. Políticas públicas de saúde, de educação, de segurança, de inserção social, de criminalização da homofobia, dentre tantas outras políticas necessárias.
Concluímos, lembrando ao sr. Vereador que o segundo maior mandamento bíblico é AMAR AO TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO, e o advertimos que a hipocrisia por meio de suas atitudes e falas, revelam ideais que Cristo não compartilharia. Concitamos a todos a manterem-se nas fileiras dos combates pela transformação da realidade, contra as formas de opressão e incitação ao crime de ódio.
Com a clara perseguição a esta grande parcela da sociedade, nós, sociedade civil, em parceria com as instituições públicas que defendes os direitos individuais, apresentaremos projeto para que as políticas públicas e a proteção da integridade dos LGBTI’s sejam resguardadas no município de Palmas-TO.
Viemos por meio desta moção de repúdio esclarecer que compreendemos esta como mais uma das múltiplas violências simbólicas as quais nossa comunidade é submetida sob a força do preconceito e da discriminação.
Somos luta e resistência! Nenhum passo atrás será aceito!
Palmas, 13 de julho de 2018
Por Rafaella Mahare.
Assinam a presente:
ARTICULAÇÃO DA JUVENTUDE LGBTI – ARTJUVLGBTI
ASSOCIAÇÃO DAS TRAVESTIS E TRANSEXUAIS DO ESTADO DO TOCANTINS – ATRATO
ASSOCIAÇÃO NACIONAL TRIÂNGULO ROSA
INSTITUTO EQUIDADE TOCANTINS
LGBT SOCIALISTA DO TOCANTINS
REDE NACIONAL DE OPERADORES DE SEGURANÇA LGBTI – RENOSP LGBTI
ALIANÇA NACIONAL LGBTI TOCANTINS